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Em sabatina, presidenciáveis encontram objetivo comum: fugir de comparações com Temer

Ao menos onze concorrentes ao Palácio do Planalto debateram suas propostas para o país

O presidenciável Ciro Gomes.
O presidenciável Ciro Gomes.ADRIANO MACHADO
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Se alguém ficou sem defensores nessa eleição presidencial, esse alguém é o Governo Michel Temer (MDB). Isso ficou patente na maratona de sabatinas em Brasília realizada nesta quarta-feira. Dos 11 pré-candidatos à Presidência da República entrevistados pelo jornal Correio Braziliense, nenhum defendeu diretamente o político que há pouco mais de dois anos preside o país após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Entre os entrevistados, dois são declarados opositores: Ciro Gomes (PDT) e Manuela D'Ávila (PCdoB). Os demais ou são filiados a partidos que são ou até pouco tempo atrás eram governistas, ou são de legendas que apoiaram a destituição de Dilma.

Nem mesmo o pré-candidato do MDB, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, fez uma defesa contundente de Temer. Ao contrário, chegou a fazer críticas indiretas. Afirmou o ex-ministro quando tratava do fracasso na votação da reforma da Previdência: “Um governo eleito, pela população, forte, com esse mandato, terá condições de aprovar uma reforma eficaz e justa”.

Além dos pré-candidatos já citados, participaram do debate os seguintes concorrentes: Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (REDE), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Afif (PSD),  Flávio Rocha (PRB), Paulo Rabello de Castro (PSC), Rodrigo Maia (DEM) e Alvaro Dias (PODEMOS). Ficaram de fora do debate Guilherme Boulos (PSOL) e João Amoêdo (NOVO), além de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), este porque está preso pela operação Lava Jato.

Veja os destaques das entrevistas com os pré-candidatos já sabatinados:

Veja como EL PAÍS cobriu essa série de entrevistas:

Assista a íntegra da entrevista de Geraldo Alckmin

Eis o primeiro questionamento a Alckmin sobre a relação dele com Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, suposto operador do PSDB, que foi preso duas vezes e é acusado de desviar 7,7 milhões de reais dos cofres públicos:

- Qual impacto de Paulo Preto em sua campanha?

- Nenhum. Aliás, ele deu uma entrevista na [revista] Época, que disse que nunca nem me cumprimentou.

-  Se ele fizer uma delação não há risco de...

- Zero, zero, zero

Diz Alckmin: "É meu dever, como médico, melhorar o sistema de saúde". O pré-candidato diz que, se eleito, irá cobrar dos pacientes que possuem planos de saúde que forem atendidos na rede pública.

Assista a íntegra da sabatina com Flávio Rocha

“Reforma da Previdência bem explicada, onde eu vou é só palma”, diz Alckmin

Alckmin promete que colocará sua reforma da previdência para ser votada no primeiro ano de seu mandato, caso eleito. “Servidor público será tratado igualzinho com o setor privado. Acima do teto do INSS é previdência complementar”, diz ele. Conforme o ex-governador, algo similar já foi feito em São Paulo. “Reforma da Previdência bem explicada, onde eu vou é só palma”.

O tucano diz que era claro que a gestão Temer não aprovaria a reforma previdenciária. “Achar que vai aprovar PEC em ano eleitoral, não precisava nem fazer a intervenção no Rio. Claro que não ia aprovar”.

Geraldo Alckmin diz que São Paulo tem agido no combate aos líderes de facções criminosas. "Não tem ninguém famoso que não está atrás das grades".

Alckmin diz que não vai privatizar Banco do Brasil ou prospecção da Petrobras

Em 2006, quando perdeu a eleição para Lula, aliados de Alckmin disseram que uma das razões de ele perder votos foi porque não conseguiu deixar claro que não tinha o interesse de privatizar o Banco do Brasil ou a prospecção da Petrobras. “Em 2006, não perdi a eleição por causa de privatização. Perdi para o incumbente. O Lula não era o Lula de hoje, era o de 2006. O PT não era o PT de hoje. Era o de 2006”. Conforme ele, Lula e o PT espalharam mentiras sobre suas intenções de privatizações.

Alckmin: “Do ponto de vista ético, o PSDB não passa a mão na cabeça de ninguém”.

O pré-candidato do PSDB diz que seu partido não defende envolvidos com crimes. “Do ponto de vista ético, o PSDB não passa a mão na cabeça de ninguém”, afirmou. Indagado sobre como o partido, que também preside, trataria o senador Aécio Neves – investigado por uma série de crimes – diz que ele já se afastado da direção da legenda. E que o senador nem foi julgado ainda.

“Decisão de segunda instância tem de ser cumprida. [Somos] totalmente diferentes de outros partidos, que fazem acampamento na beira de penitenciária e elege imperador, que está preso”, afirmou em alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Não me impressiono com pesquisas neste momento”, diz Alckmin

Apesar de figurar mal nas pesquisas, Alckmin diz que elas não podem influenciar as decisões em um período anterior às convenções. “Não me impressiono muito com essa questão de pesquisa neste momento”. Ele cita como exemplo a campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo em 2016, quando os dois que acabaram em primeiro e segundo lugar – João Doria (PSDB) e Fernando Haddad (PT) – começaram a disputa com 6% e 8%, respectivamente.

Alckmin diz que não tem enfrentado stress no PSDB

Pré-candidato pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, diz que não tem enfrentado stress em sua candidatura. “Não tem stress. Todo partido grande você tem divergências. Isso é natural. Fomos o único partido que fez prévia.”

Nesta semana, conforme revelou o jornal Folha de S. Paulo, Alckmin reclamou a aliados se o PSDB não queria ter candidato. Desde que se colocou como concorrente ao Planalto, Alckmin não atinge os dois dígitos nas pesquisas eleitorais e enfrenta resistências até de Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente da República que é uma espécie de farol para os tucanos.

Segundo Alckmin, cinco partidos já sinalizaram que se coligarão com ele nesta eleição. “Vamos fazer uma grande aliança. Já temos praticamente cinco partidos. Não tenho divulgado porque quero que eles divulguem”.

O último sabatinado da noite será Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e pré-candidato pelo PSDB.

Flávio Rocha diz que reduzirá para dez o número de ministérios

Flávio Rocha volta a dizer que aprovará as privatizações. “O Estado não terá posto de gasolina nem empresa de entrega de encomenda”. Ele diz ainda que “sobra Estado onde não deve existir Estado e falta onde deve existir”.

Em sua tentativa de enxugar o Estado, ele diz que terá dez ministérios. Hoje, há quase 30. Indagado se conseguirá agradar os partidos com redução tão drástica, ele diz que a lógica é mudar debaixo para cima. “Vou agradar as donas Marias”, disse Rocha.

Questionado se irá trocar seu nome político de Flávio Rocha por Flávio Riachuelo, em alusão à empresa da qual é sócio, diz que não pretende alterar seu nome. “Realmente sou o candidato menos conhecido. Apenas 6% sabem da minha existência. Desses 1,5% nos honram com o voto”. Ele espera que até a eleição os eleitores o vincularão à empresa, que diz ter orgulho de ter ajudado a construir.

Afirma Flávio Rocha: “Não falta dinheiro na educação. O Brasil gasta 6,5% do PIB na educação. É mais do que usado em países referências, como a Coreia do Sul. O que falta é gestão”.

Ao se colocar como candidato de centro, Flávio Rocha (PRB) diz que poderá ser “o elo de uma ampla coligação”. Diz, por exemplo, que será capaz de conduzir um “Titanic entre dois icebergs, um de extrema esquerda e outro de extrema direita”. Rocha prometeu que, se eleito enviará seu pacote de reformas no primeiro dia de mandato.

“A urgência da reforma previdenciária é pela insustentabilidade dessa previdência que está aí. Há que se fazer, sim”, afirma Flávio Rocha. Ele propõe a capitalização do sistema inclusive pelas empresas privadas.

Diz Flávio Rocha: "Bolsonaro pode ser uma Marine Le Pen à brasileira. Ser direita nos costumes, mas esquerda na economia”.

Apontado como o candidato do MBL, Rocha diz que sua candidatura é plural

Questionado se é o candidato do Movimento Brasil Livre (MBL), Flávio Rocha diz: “Quando lancei meu nome eu fui apontado como candidato dos empresários, depois do Nordeste, depois da minha igreja, depois do MBL e isso mostra a pluralidade de nossa candidatura”.

Diz que começou a se aproximar dos “meninos do MBL” em dezembro de 2015. “Acredito inclusive que eles foram decisivos em quebrar essa hegemonia no meio acadêmico”.

O pré-candidato do PRB diz que endurecerá a política penal para tentar diminuir a criminalidade no país. Defende, por exemplo, mudanças na lei de execuções penais, a redução das audiências de custódia e maior investigações. “Há uma vitimização do bandido”. Defende ainda que, se eleito, irá unificar os ministérios da Segurança e da Defesa.

Flávio Rocha diz ser a favor do Estado mínimo e defende a privatização de uma série de estatais. “Quanto maior o Estado, mais empresários se deixam seduzir pelos encantos 'de cima da carruagem'”, argumentou. Na opinião dele, com “Estado pequeno, maioria das decisões será tomada pela sabedoria suprema do livre mercado.”

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