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Prestes a reduzir previsão do PIB, Governo ainda acredita em agenda de reformas para este ano

Ministro da Fazenda Eduardo Guardia prevê reforma da Previdência para depois da eleição. Greve de caminhoneiros motiva reunião de emergência do Planalto e comissão no Congresso

Caminhoneiros bloqueiam a BR-116, em Curitiba.
Caminhoneiros bloqueiam a BR-116, em Curitiba.RODOLFO BUHRER (REUTERS)
Rodolfo Borges
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O Governo brasileiro deve admitir nesta terça-feira o que já é dado como previsível pelo mercado: o país não vai crescer tanto quanto se imaginava. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, não falou em números, mas anunciou uma revisão. "Amanhã nós anunciaremos nossa revisão de parâmetros econômicos, incluindo o crescimento do PIB. Isso será anunciado em uma entrevista com o ministro do Planejamento", disse o ministro em conferência com jornalistas. Nas últimas quatro semanas, o boletim Focus, do Banco Central, registrou uma queda de expectativa de crescimento entre os agentes de mercado de 2,75% para 2,50%. E, como se não tivesse problemas o bastante para lidar, o Governo Michel Temer encarou nesta segunda-feira uma série de protestos de caminhoneiros contra o aumento do diesel.

O ministro da Fazenda lamentou a falta de espaço para redução de impostos quando questionado sobre a tributação do combustíveis. Enquanto isso, a alguns quilômetros do Ministério da Fazenda, o presidente Michel Temer convocava uma reunião de emergência para discutir a alta dos preços dos combustíveis — entre os convidados, estava o próprio Guardia, além dos ministros de Minas e Energia, Moreira Franco, e da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Os caminhoneiros brasileiros bloquearam rodovias em 17 estados em protesto contra a alta do diesel. Só em Minas Gerais foram registradas 13 interdições. Na Bahia, outras nove, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. Também em reação aos protestos, os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciaram para quarta-feira a criação de uma comissão geral no Congresso Nacional para acompanhar os desdobramento da política de reajuste de preços de combustíveis.

Reformas

Ao falar sobre a perspectiva de redução da projeção de crescimento, o ministro da Fazenda reconheceu que as expectativas costumavam ser melhores, mas destacou que a taxa de investimentos está crescendo a 8%. “A agenda de reformas é crucial para manter os ganhos que já foram conseguidos até agora", reforçou ao longo de toda a entrevista. O Governo mantém seu discurso de reformas no Congresso Nacional, principalmente no que diz respeito ao avanço da privatização da Eletrobras, e espera a aprovação da reforma da Previdência até o início do próximo ano. Com uma ponderação do ministro da Fazenda: “É razoável esperar que uma discussão sobre reforma da Previdência neste ano depende da eleição de um candidato comprometido com a reforma”.

Guardia também teve de comentar o que chamou de "movimento global de apreciação do dólar" e disse que o real brasileiro seguiu o mesmo movimento de outras moedas. Ele destacou a “situação extremamente confortável” das contas externas brasileiras, que têm déficit baixo, e o fato de a inflação estar abaixo da meta, além dos "mais de 370 bilhões em reservas internacionais". "Não podemos mudar essa direção [do dólar]. Podemos reduzir o excesso de volatilidade", disse.

Dólar

Após dias de alta, o dólar finalmente operou em queda nesta segunda-feira, graças a uma intervenção do Banco Central. A moeda fechou cotada a 3,68 reais, uma queda de 1,35%. O BC havia anunciado oferta adicional de swaps (venda de dólares no mercado futuro) na última sexta-feira, após o sexto pregão consecutivo de alta da moeda americana. Na sexta-feira, o dólar fechou o dia valendo 3,74 reais, um aumento de 1,04% em relação ao dia anterior.

Nesta segunda, o ministro da Fazenda disse ainda esperar que a tensão comercial entre Estados Unidos e China se reduza, apesar de enxergar possíveis benefícios ao Brasil com o surgimento de oportunidades para exportação. “Ninguém tem nada de que se beneficiar em longo prazo de uma guerra comercial”, esclareceu o secretário de assuntos internacionais da Fazenda, Marcelo Estevão, acrescentando que o Governo brasileiro continua a defender mais abertura de mercado.

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