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A violência explícita de Lars Von Trier causa deserções em Cannes

'The House That Jack Built', centrada em um assassino em série, recebe avalanche de críticas negativas

Lars Von Trier, nesta segunda em Cannes, antes da projeção de 'The House that Jack Built'.
Lars Von Trier, nesta segunda em Cannes, antes da projeção de 'The House that Jack Built'.VALERY HACHE (AFP)
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Lars Von Trier está de volta. Mas o retorno do controverso cineasta ao Festival de Cannes provocou uma debandada de espectadores. Desta vez, não por conta de alguma declaração polêmica do diretor e roteirista dinamarquês, mas devido ao seu mais recente filme, The House That Jack Built, apresentado nesta segunda-feira, 14 de maio, fora da competição. A obra inclui sequências tão violentas e desagradáveis que dezenas de pessoas que a assistiam abandonaram a projeção entre vaias e protestos, enquanto alguns jornalistas e críticos questionavam, inclusive, se era apropriada a exibição de um filme tão explicitamente violento no festival francês.

Não é a primeira vez que Von Trier causa controvérsia em Cannes. Em 2011, o cineasta disse, durante uma coletiva de imprensa, que "entendia Hitler", num comentário que causou uma onda de protesto e fez com que a organização do evento o declarasse persona non grata. Finalmente, sete anos mais tarde, o festival abriu as portas novamente ao diretor, mas seu retorno foi longe de pacífico.

"Por que o festival deixou que esse filme fosse exibido?", questionou o Ramin Setoodeh, da revista norte-americana Variety. Outros jornais diários, como os britânicos The Guardian ou The Telegraph, publicaram as diferentes reações dos espectadores que deixavam a exibição do longa: "De fazer vomitar, repugnante, patético, vil" são alguns dos adjetivos usados para descrever o filme. "Misógino e cruel" foi como o brasileiro Folha de S.Paulo classificou The House That Jack Built, descrito pelo Estadão como "desumano"

Mesmo assim, segundo o The Hollywood Reporter, o público que continuou na sala durante a projeção (cerca de metade dos espectadores que ali estavam), ovacionaram o longa do dinamarquês com longos aplausos. A polêmica também parece ter atraído o interesse das redes sociais, onde muitos escreveram que "não viam a hora" de assistir ao filme.

O filme narra 12 anos da vida de Jack (interpretado pelo ator norte-americano Matt Dillon), um serial killer extremamente inteligente, que tem prazer ao mutilar e estrangular suas vítimas, em sua maioria mulheres. As vaias centravam-se sobretudo no momento em que crianças e animais eram alvo de sequências extremamente violentas. As cenas eram tão explícitas que Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes, reconheceu que, de "tão controverso", a obra só poderia ser exibida fora da competição oficial.

Matt Dillon acompanhou a estreia ao lado de Lars Von Trier, enquanto outros protagonistas, como Uma Thurman e Riley Keough alegaram problemas de "agenda" para não participar do evento. Após a projeção, suspeita-se que as razões reais da ausência dos atores tenham sido outras.

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