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Lava Jato mira esquema que movimentou 1,6 bilhão de dólares em 52 países

Organização criminosa foi descoberta após delação de doleiros na operação 'Câmbio, Desligo'

Agents da PF no Rio de Janeiro em operação de outubro de 2017
Agents da PF no Rio de Janeiro em operação de outubro de 2017Tânia Rêgo (Agência Brasil)
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A Polícia Federal cumpre na manhã desta quinta-feira, 3 de maio, mandados de prisão preventiva e temporária em desdobramento da operação Lava Jato que mira um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado mais de 1,6 bilhão de dólares (5,6 bilhões de reais) em 52 países. A operação, que recebeu o nome de Câmbio, Desligo foi desencadeada com base nas delações de dois dos principais doleiros do país, Vinicius Claret e Cláudio Barbosa.

O principal alvo da operação é o doleiro Dário Messer, que já foi investigado nos esquemas do Banestado, Mensalão e Swiss Leaks. Ele seria o mentor de Claret e Barbosa. Amigo de celebridades como o ex-jogador Ronaldo Nazário, o Ronaldo Fenêmeno, a atuação de Messer no mercado paralelo é antiga: foi acusado em 2005 por outros doleiros durante a  Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos do Senado de ser "o principal doleiro do Partido dos Trabalhadores" já em 2002. Acredita-se que ele esteja no Paraguai, já que ele possui dupla cidadania e não foi localizado pela Polícia em sua residência no Rio de Janeiro.

Os suspeitos teriam integrado um sistema chamado Bank Drop, que consiste na remessa de dinheiro ao exterior através de “dólar-cabo”, forma de envio de valores que não passa pelas instituições financeiras reguladas pelo Banco Central. O grupo operou entra 2010 e 2016, e durante alguns períodos chegou a movimentar um milhão de reais por dia.

Em nota, a força-tarefa afirmou que Claret e Barbosa funcionavam "como uma verdadeira instituição financeira, fazendo a compensação de transações entre vários doleiros do Brasil, servindo como 'doleiros dos doleiros', indicando clientes que necessitavam de dólares e que necessitavam de reais". Para conseguir realizar as transações era usado um software que conectava doleiros do mundo todo. Messer era o fiador do esquema, responsável por dar garantias financeiras às remessas da dupla. "Junto com Dario Messer, dono de casas de câmbio, eles montaram uma complexa rede de câmbio paralelo sediada inicialmente no Brasil e, a partir de 2003, no Uruguai, de onde comandavam remotamente os negócios".

De acordo com a PF, estão sendo cumpridos mandados de prisão preventiva e temporária no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal e no Uruguai, além dos mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

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