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EUA processam ex-chefe da Volkswagen pelo ‘dieselgate’

Martin Winterkorn e outros executivos são acusados de burlar os controles de emissões de poluentes

O ex-presidente da Volkswagen Martin Winterkorn, numa foto de arquivo
O ex-presidente da Volkswagen Martin Winterkorn, numa foto de arquivoALEXANDER KOERNER

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu processar Martin Winterkorn, presidente do Conselho de Administração da Volkswagen entre 2007 e 2015, pela fraude nas emissões de seus carros a diesel. Ele é acusado especificamente de ter conspirado com outros executivos da montadora alemã para enganar os órgãos reguladores e violar a legislação ambiental (Clean Air Act). Winterkorn se encontra na Alemanha, por isso deveria ser extraditado.

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As acusações foram apresentadas em 14 de março a um júri de instrução de Detroit (Michigan), mas só perderam o sigilo nesta quinta-feira, 3 de maio. A ação judicial foi anunciada depois que dois ex-diretores da Volkswagen, Oliver Schmidt e James Liang, foram condenados à prisão no ano passado por participar do desenvolvimento do sistema eletrônico que permitiu burlar os controles de emissões de poluentes.

Martin Winterkorn deixou o cargo de executivo-chefe do grupo automotor em setembro de 2015, poucos dias depois da eclosão do escândalo. Também foram denunciados outros cinco executivos: Richard Dorenkamp, Heinz-Jakob Neusser, Jens Handler, Bernd Gottweis e Jürgen Peter, acusados de participar de uma fraude que durou nove anos.

Os seis executivos, segundo a investigação, sabiam que os carros da VW não cumpriam as normas ambientais. A empresa instalou em segredo um sistema informático que era capaz de identificar quando o veículo estava sendo submetido aos testes de emissões. A fraude, que afetou 600.000 veículos nos EUA, custou 30 bilhões de dólares (105 bilhões de reais, pelo câmbio atual) em indenizações aos afetados.

Na documentação entregue pelo Ministério Público consta que os funcionários da Volkswagen fizeram apresentações de PowerPoint ao então executivo-chefe em que explicavam como o sistema funcionava e as possíveis consequências se as autoridades dos EUA o detectassem. Chegaram inclusive a propor um plano de ação para enganar a Agência de Proteção Ambiental norte-americana. Winterkorn aprovou.

O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, reiterou que as acusações apresentadas contra os executivos da Volkswagen são “muito sérias” e acrescentou que a investigação demonstrou que a trama fraudulenta chegou às esferas mais altas da companhia. “Levaremos este caso até a máxima extensão da lei”, advertiu. A companhia se limitou a dizer, por sua vez, que está cooperando, mas evita comentar sobre a conduta dos seis executivos imputados.

A VW admitiu desde o começo que tinha falseado os controles. A fraude não afetou só o mercado dos Estados Unidos. Quase 11 milhões de veículos incluíam o mesmo sistema, das marcas Volkswagen, Audi e Porsche. Winterkorn soube que os órgãos reguladores nos EUA descobriram a fraude em julho de 2015 e que estavam ameaçando bloquear o processo de certificação.

O fabricante alemão foi sancionado com uma multa de 4,3 bilhões de dólares (15,2 bilhões de reais) nos Estados Unidos em janeiro de 2017, a poucos dias da mudança de presidência, depois de admitir a fraude. Já naquela ocasião foram citados como imputados Heinz-Jakob Neusser, Jens Hadler, Richard Dorenkamp, Bernd Gottweis e Jürgen Peter, junto com Oliver Schmidt. Alguns deles lideraram equipes de engenheiros que desenharam o sistema.

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