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O adeus a Barbara, a matriarca da dinastia Bush

Primeira-dama entre 1989 e 1993, esposa e mãe de presidentes dos EUA, morreu aos 92 anos. Era considerada a “arma secreta” de Bush pai

A ex-primeira-dama Barbara Bush em um evento público na Virginia em outubro de 2007.
A ex-primeira-dama Barbara Bush em um evento público na Virginia em outubro de 2007.REUTERS
Amanda Mars
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Barbara Bush, matriarca de uma das grandes dinastias políticas norte-americanas, morreu aos 92 anos em sua casa em Houston (Texas). Foi uma primeira-dama carismática e popular. Durante o mandato do marido, George H. W. Bush (1989-1993), ela chegou a ser chamada de “arma secreta” do republicano, que, por outro lado, foi pouco reconhecido durante seu tempo na ativa e não se reelegeu. Tiveram seis filhos, um dos quais, George, também seria presidente (2001-2009) e outro, Jeb, pré-candidato nas últimas eleições à Casa Branca. Nas primárias ela compareceu em um ato público para tentar reforçar a figura do filho diante do vendaval Donald Trump. Foi, novamente, a “arma secreta” de Bush; mas, novamente, a simpatia de Barbara não mudou as coisas.

A família anunciou no domingo que a ex-primeira-dama tinha passado a receber apenas cuidados paliativos na fase terminal de uma doença que não foi especificada no comunicado, depois de várias hospitalizações. Deixa o marido George H. W. Bush, de 93 anos, cuja saúde está muito debilitada.

Os dois se conheceram muito jovens, adolescentes, e se casaram aos 20 e 21 anos de idade. Barbara Pierce (seu sobrenome de solteira) nasceu na cidade de Nova York em 1925, no seio de uma família pertencente à igreja episcopal. O pai era um rico empresário. Até agora ela é a única mulher, junto com Abigail Adams (1744-1818), esposa e mãe de presidentes dos Estados Unidos.

É impossível desligar sua lembrança do cabelo que embranqueceu precocemente e dos colares de pérolas dos quais não se separava, fosse em um jantar de Estado ou usando um boné em uma partida de beisebol. Chegou à Casa Branca depois de uma primeira-dama icônica e influente, a também republicana Nancy Reagan, e tentou construir um perfil próprio no que definiu como um meio-termo entre um papel muito político como o de Rosalyn Carter — era sabido que assessorava o marido em todo tipo de decisões — e o papel protagonista, mas alheio à ação de Governo, de sua antecessora.

“Deem-lhe uma trégua”, disse defendendo Hillary Clinton

Embora em casa fosse ela quem impunha a disciplina, o público via em Barbara Bush uma atitude mais suave e mais cálida do que em seu marido, que, de fato, costumava se referir à primeira-dama para enfatizar o trabalho mais social ou humanitário de seu Governo. E, apesar disso, Barbara Bush demonstrava firmeza (assim como senso de humor). Na campanha eleitoral, atacou Bill Clinton por suas supostas infidelidades: “nunca negou que teve uma aventura, não?”, despachou em uma entrevista. No entanto, depois da vitória do democrata, saiu em defesa de Hillary Clinton quando esta desembarcou na Casa Branca e recebeu as primeiras críticas da imprensa (sim, começaram no primeiro dia). “Deem-lhe uma trégua”, reclamou aos meios de comunicação.

Costumava falar abertamente e sem cerimônias. Em 2014, durante uma entrevista, perguntaram o que achava de ter outro Bush presidente e disparou que já tinha havido “Bushes suficientes” na Casa Branca. “É uma absurdo se não encontrarmos mais de duas ou três famílias para concorrer à presidência”, disse.

A imprensa lembrou bem disso quando, um ano depois, seu filho Jeb, ex-governador da Flórida, se lançou à corrida pela candidatura republicana. E então, em uma festa do político em Bonita Springs, de repente apareceu em um vídeo projetado em uma tela grande. “Ei... Jeb, escute, é a mamãe. O que você quer dizer com ‘Bushes demais’? Eu mudei de opinião!”. E o público desatou a rir com a matriarca.

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