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Putin condena o ataque à Síria, mas não ameaça com represálias

Já o aiatolá Khamenei chamou os aliados de "criminosos" e disse que não terão benefícios com o ataque

Pilar Bonet
Putin visita uma exposição de mísseis em Moscou.
Putin visita uma exposição de mísseis em Moscou.Mikhail Svetlov (Getty Images)
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Tanto a Rússia quanto o Irã criticaram a decisão dos EUA de atacar a Síria com a França e o Reino Unido. A diplomacia dos dois países alertou que os atentados "terão consequências", embora não tenham entrado em detalhes sobre o que querem dizer com isso. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chegou a classificar como "criminosos" os líderes dos três países que realizaram a operação, que recebeu o apoio da Otan.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou Washington de “fazer o jogo” dos terroristas e de “agravar a catástrofe humanitária” na Síria. A ação militar aliada é a resposta ao suposto uso de armas químicas por parte do regime de Bashar al-Assad em Duma, periferia de Damasco.

Em uma nota divulgada pelo Kremlin, Putin condena “da forma mais séria” a “agressão” cometida por EUA e seus aliados “contra um Estado soberano que se encontra na vanguarda da luta contra o terrorismo”. Além disso, o líder russo anuncia a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança dela ONU para “debater as ações agressivas dos EUA e seus aliados”. No entanto, não fala sobre represálias russas, como autoridades russas vinham ameaçando nos últimos dias.

O ministério de Defesa da Rússia, por sua vez, anunciou que nenhum dos mísseis aliados caiu na zona controlada pelas defesas antiaéreas russas, responsável pelas instalações nas bases de Tartus e Jmeinim. Os russos foram advertidos previamente das circunstâncias do ataque, segundo afirmaram porta-vozes oficiais franceses, embora os EUA neguem oficialmente.

O fato de não terem havido vítimas nem danos no contingente militar russo deslocado à Síria desde de 2015 em apoio do regime de Bashar al-Assad indica que o perigo de uma escalada incontrolada entre Moscou e Washington, por enquanto, se acalmou. Os militares russos estão divididos sobre as medidas que Moscou poderia tomar nesse caso. Agora, concentram sua ideia de sucesso no potencial bélico dos sistemas antimísseis fornecidos pela Rússia a Damasco e na porcentagem de mísseis aliados interceptados.

O ministério da Defesa da Rússia informou que o ataque aliado lançou mais de 100 mísseis, dos quais "uma parte substancial" foi interceptado pelas defesas antiaéreas sírias, instalações do tipo S-125, S-200, Buk, Kvadrat, que eram fabricadas faz mais de 30 anos pela União Soviética. Em abril de 2017, o número de mísseis de cruzeiro lançados pelos EUA foi de 59.

Segundo Putin, como há um ano quando os EUA atacaram a base síria de Shairat, a “desculpa” para a ação norte-americana foi a “encenação de um ataque à população civil com substâncias tóxicas”, desta vez em Duma, nas periferias de Damasco. Putin assegura que os militares russos que estiveram no local do incidente “não detectaram impressões do emprego de cloro ou de outra substância tóxica” e que “nenhum habitante local confirmou o ataque químico”. O líder russo acusa os EUA e seus aliados de empreenderem ações militares “ignorando de forma cínica” a missão enviada a Síria pela Organização de Proibição de Armas Químicas e sem esperar os resultados da apuração que os especialistas estão  fazendo.

“Com suas ações, os EUA agravam ainda mais a catástrofe humanitária na Síria, causam sofrimento à população civil e fazem o jogo aos terroristas que há sete anos martirizam o povo sírio”. “A atual escalada da situação em torno de Síria exerce uma influência destrutiva em todo o sistema de relações internacionais”, afirma Putin. Na Síria, Moscou atua conjuntamente com Turquia e Irã em uma aliança entre sócios cujos objetivos estratégicos diferem entre si.

Irã

Em uma reunião com embaixadores de países islâmicos e altas autoridades iranianas, o aiatolá Khamenei descreveu como "criminosos" os presidentes dos Estados Unidos e da França e o primeiro-ministro do Reino Unido. "Eles não receberão nenhum benefício, assim como não ganharam nada quando cometeram crimes semelhantes no Iraque, na Síria e no Afeganistão", disse a autoridade máxima da República Islâmica, citada pela agência estatal Irna.

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