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Propaganda russa: “O ataque químico é uma farsa, as crianças nuas tremem porque faz frio”

A Rússia divulgou três versões sobre o suposto ataque com agentes químicos do regime sírio contra civis, segundo a equipe especial da UE contra a desinformação de Moscou

Uma criança é tratada em um hospital de Duma depois do suposto ataque químico.
Uma criança é tratada em um hospital de Duma depois do suposto ataque químico.Cascos Blancos / Bestimage GTRES
P. R. B.
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“A gravação do ataque químico na Síria é um boato. Talvez as crianças nuas e molhadas tremam porque faz frio. Algumas crianças talvez estejam inconscientes ou talvez estejam dormindo. Espero que as fotos das vítimas sejam só uma encenação e que não tenha morrido gente para fazer uma gravação. A ONG Doutores Suecos acusou os Capacetes Brancos de matar crianças para tirar fotos realistas.” Essa é a mensagem que a TV estatal russa divulgou depois que as equipes de resgate denominadas Capacetes Brancos denunciaram, no dia 7, um suposto novo ataque químico do Governo sírio na cidade de Duma, na região de Guta Oriental, que, segundo os socorristas, deixaram mais de 40 mortos e 500 feridos.

Não é a única versão difundida pela mídia russa sobre o que ocorreu no fim de semana passado na Síria. Segundo a equipe da União Europeia especializada em detectar e combater notícias falsas divulgadas pela Rússia através da Internet, Moscou lançou uma campanha de desinformação sobre o ataque químico supostamente perpetrado pelo regime de Bashar al-Assad, o qual levou os EUA, o Reino Unidos e a França a bombardear a Síria na noite de sexta-feira. Embora o ataque químico ainda não tenha sido confirmado, os Capacetes Brancos divulgaram nas redes sociais imagens de cadáveres amontoados e civis com sintomas de intoxicação por inalação de gases. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que dispõe de provas que mostram a responsabilidade de Assad na matança. Já a equipe enviada pela ONU só neste sábado começa a fazer a investigação.

A versão do Kremlin é outra. Os meios de comunicação ligados ao Governo de Vladimir Putin difundiram três interpretações diferentes, segundo a equipe especial da União Europeia:

1. Ministério da Defesa: é uma montagem dos Capacetes Brancos

Segundo a TV Russia Today, o Exército russo não encontrou nenhuma prova de que tenham sido usadas armas químicas em Guta Oriental, e nem mesmo os especialistas médicos que visitaram os hospitais viram doentes vítimas de um ataque desse tipo. De acordo com um comunicado do Centro Russo para a Reconciliação da Síria, “os fatos demonstram que não foram usadas armas químicas na cidade de Duma, como disseram os Capacetes Brancos. Todas as acusações deles, assim como as fotografias que mostram supostamente vítimas de um ataque químico, não passam de outra farsa”.

2. Ministério de Relações Exteriores: é uma história inventada

Em um comunicado, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia afirma que “continuam sendo divulgadas notícias falsas sobre o uso de cloro ou de outros agentes tóxicos por parte das tropas governamentais” sírias. O texto atribui a origem daquilo que chama de boato sobre “um suposto ataque químico em Duma” aos Capacetes Brancos, acusando-os de ter colaborado com “terroristas”. “Essas falácias, sem nenhum fundamento, têm o objetivo de eximir os terroristas de culpa” e tentam justificar intervenções externas, acrescenta a chancelaria.

3. Embaixador na ONU: objetivo é desviar a atenção do caso do ex-espião envenenado

O representante permanente da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, lamentou no Conselho de Segurança que os Estados Unidos não tenham interesse em comprovar se realmente houve ou não um ataque químico em Duma. Segundo Nebenzia, é uma “loucura” basear-se em informações “não confirmadas” divulgadas pelos “provocadores” Capacetes Brancos para atacar a Síria. Essa estratégia, diz ele, serve para distrair a opinião pública da verdade depois do caso de envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha, atacados no Reino Unido com um agente nervoso, um assunto sobre o qual Moscou divulgou pelo menos 20 versões diferentes, segundo a unidade especial da UE contra a propaganda russa.

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