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Editoriais
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O trem reformista francês

Macron enfrenta a greve dos ferroviários com apoio suficiente, após aprovação do estatuto trabalhista

Manifestação de funcionários da SNCF, na última terça-feira, durante o primeiro dia de greve na estação de trem Gare de l’Est, em Paris.
Manifestação de funcionários da SNCF, na última terça-feira, durante o primeiro dia de greve na estação de trem Gare de l’Est, em Paris.ETIENNE LAURENT (EFE)
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Ferroviários franceses desafiam Macron com greves em série
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Milhões de franceses sofreram esta semana com a paralisação de grande parte do serviço ferroviário. Foi o início de uma greve intermitente da SNCF, a empresa nacional de trens da França, que vai durar três meses e que, além de testar a paciência da população, é uma grande aposta sindical contra o presidente reformista francês, Emmanuel Macron. A SNCF é um mastodonte público que emprega 140.000 pessoas e acumula uma dúvida de quase 47 bilhões de euros (193 bilhões de reais). Sua transformação jurídica e a abertura à concorrência — seguindo as diretrizes de Bruxelas — buscam, segundo o projeto reformista de Macron, aumentar sua eficiência e eliminar os privilégios dos ferroviários. Entre as vantagens que eles possuem, destacam-se o emprego vitalício, a aposentadoria completa a partir dos 52 anos e viagens de trem grátis ou mais baratas.

Macron venceu as eleições há um ano com um programa que procura dar fim aos “bloqueios” – segundo suas palavras — que estrangulam a economia francesa. Os sindicatos estão em alerta e conseguiram descafeinar reformas dos Governos anteriores. Mas o atual presidente conta com a maioria política e o apoio indireto dos cidadãos, em sua maioria contrários à greve, apesar do valor que dão ao modelo social. Macron superou a aprovação de uma reforma que limou direitos trabalhistas. Agora é a vez da SNCF e, em breve, virão as mudanças institucionais que limitarão mandatos dos eleitos e diminuirão o número de parlamentares.

Com o vento a favor, a economia francesa acelera seu crescimento e reduz o desemprego — consequência, em grande parte, de seu antecessor. É uma grande oportunidade para que Macron possa implementar reformas tantas vezes propostas e que a França tanto necessita para ganhar o futuro.

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