_
_
_
_
_

Martín Vizcarra assume presidência do Peru: “Vamos por um ponto final na confrontação”

Sucessor de Pedro Pablo Kuczynski promete atacar a corrupção no Estado

Martín Vizcarra sno Congresso depois de fazer o juramento como novo presidente de Peru.
Martín Vizcarra sno Congresso depois de fazer o juramento como novo presidente de Peru.AP
Mais informações
Peru volta à instabilidade institucional
Justiça peruana ordena que Fujimori seja processado pelo assassinato de seis camponeses em 1992
Os Fujimori, um drama familiar que domina o Peru

No Peru os presidentes assumem a cada cinco anos no dia 28 de julho, data em que a se comemora a independência, mas o último dia 23 de março teve os mesmos protocolos quinquenais, tendo transcorrido apenas 20 meses da administração do presidente Pedro Pablo Kuczynski. O engenheiro e primeiro vice-presidente, Martín Vizcarra Cornejo, assumiu o cargo em substituição ao ex-banqueiro de investimentos, que renunciou depois de um processo de perda de poder político acelerado desde dezembro. Vizcarra prestou juramento depois das 13h (15h em Brasília) e prometeu defender "a integridade física e moral do Estado e a independência das instituições democráticas".

Numa mensagem à Nação de 13 minutos, o novo presidente anunciou como prioridades de sua gestão a luta contra a corrupção, a educação, a estabilidade institucional e a recuperação da governabilidade. Depois de receber a faixa presidencial, Vizcarra –ao contrário do que aconteceu com Kuczynski em julho de 2016– foi aplaudido pelos congressistas de todos os grupos políticos, inclusive pela Força Popular, de Keiko Fujimori. "Chegou a hora de dizer basta" a este período de "perturbação institucional. O que aconteceu deve ser o ponto final de uma política de ódio e confrontação, e devemos apontar objetivos claros para o Peru", exigiu ao Parlamento.

O sucessor de Kuczynski anunciou que em poucos dias nomeará um novo gabinete "que será completamente novo", e também disse que, assim como fez quando era governador regional de Moquegua, "a educação será o pilar central" de sua gestão. Ambos os anúncios arrancaram aplausos no hemiciclo.

Luta contra a corrupção

Vizcarra, que permaneceu em silêncio durante a crise política que se agravou desde o fim de fevereiro, afirmou que "os graves acontecimentos exigem que se estabeleçam responsabilidades e a justiça deverá agir com celeridade". "Proponho aos congressistas um pacto social para combater a corrupção e promover o desenvolvimento democrático e integrador. Podemos transformar esse momento difícil em uma nova fase política", acrescentou.

Em junho de 2016, antes de assumir a presidência, Kuczynski (de 79 anos) brincou com a imprensa: "Dizem que estou velho, é verdade, e se alguma coisa me acontecer tenho duas apólices de seguro: Martincito (referindo-se a Vizcarra) e Mechita (em alusão à vice-presidenta Mercedes Aráoz)". O economista não renunciou por razões de idade, mas pelo escândalo por causa de suas ligações com a empresa brasileira Odebrecht e por tentativas de compra de votos por parte de intermediários do Executivo para evitar –pela segunda vez em três meses– seu impeachment no Congresso.

Kuczynski teve que ativar agora uma de suas apólices, a de Vizcarra. O político nascido na região sulina de Moquegua há 56 anos foi governador regional dessa jurisdição entre 2011 e 2014, em um segundo mandato. Na primeira vez em que concorreu às eleições, pelo Partido Aprista, não foi eleito. Embora Moquegua seja uma das menores regiões do país, conhecida por projetos de mineração e pelas praias, a gestão de Vizcarra repercutiu nacionalmente porque investiu os recursos canon minero [participação dos Governos municipais e regionais nas receitas obtidas pelo Estado com a mineração] na melhoria da educação. No Peru, o investimento público no setor é um dos mais baixos do continente.

Kuczynski incluiu Vizcarra em sua campanha à presidência em 2015 e 2016, com o compromisso de que fosse um operador político para melhorar os indicadores sociais fora da capital, em coordenação com os governadores regionais. Disse inclusive que iria criar um ministério para as regiões a cargo de Vizcarra, mas nada disso aconteceu.

O agora ex-presidente nomeou-o ministro dos Transportes, mas teve que renunciar por pressão do fujimorismo. Então foi enviado para o Canadá como embaixador, de onde teve de retornar com urgência para assumir a presidência. O congressista do partido oficial Peruanos por el Kambio (PPK), Juan Sheput, disse que com Vizcarra "começa a segunda fase do Governo PPK".

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_