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Tensão aumenta em Gaza com intensos bombardeios após ataque contra soldados

Dois adolescentes palestinos morrem em represália israelense a uma explosão que deixou quatro militares feridos

Juan Carlos Sanz
Familiares dos dois adolescentes mortos em Gaza, diante de seus restos no instituto médico legal de um hospital de Rafah.
Familiares dos dois adolescentes mortos em Gaza, diante de seus restos no instituto médico legal de um hospital de Rafah.SAID KHATIB (AFP)

A Faixa de Gaza viveu, nas últimas horas, uma escalada de violência quase sem precedentes desde a guerra de 2014. Dois adolescentes palestinos morreram numa onda de ataques israelenses desencadeada após o atentado a bomba que deixou quatro soldados feridos no sábado, um deles em estado gravíssimo, na fronteira do enclave. Outros dois palestinos ficaram feridos na operação militar de represália contra 18 alvos das milícias do Hamas e da Jihad Islâmica. Um foguete lançado de Gaza atingiu uma casa do distrito limítrofe israelense de Sderot, sem causar danos pessoais.

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O Exército de Israel qualificou de “ação muito grave” o atentado de sábado, registrado na fronteira da zona de Jan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. Após responderem inicialmente com disparos de um carro de combate, que destruíram um posto de observação da Jihad Islâmica, os militares lançaram duas ondas de bombardeios aéreos na noite de sábado contra instalações militares de Jan Yunis e Deir al-Balah (centro) das brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do movimento islamista que controla o enclave costeiro desde 2007, e contra um túnel de ataque no limite do território israelense em Zeitoun, no sul da Cidade de Gaza.

Os dois mortos na operação foram identificados pelo Ministério da Saúde palestino como Salam Sabah e Abdullah Abu Sheikha, ambos de 17 anos. Perderam a vida devido aos disparos de tanques israelenses quando se aproximavam da fronteira oriental de Rafah, no sul de Gaza. O Exército informou à Agência France Presse que abriu fogo “de advertência” contra um grupo que se aproximou “de maneira suspeita” à cerca de separação.

Os bombardeios israelenses, que estão entre os de maior intensidade dos últimos três anos, foram ordenados em retaliação a um atentado incomum que deixou quatro militares feridos. Soldados de uma unidade do Batalhão de Engenheiros, presumivelmente especialistas em explosivos, e da Brigada de Infantaria Golani haviam se aproximado de uma bandeira palestina que tinha sido colocada na fronteira na noite anterior. Quando a inspecionavam, um artefato explodiu. O Exército investiga se os militares agiram de acordo com o procedimento de retirada de objetos suspeitos. Israel atribuiu o atentado ao Comitê de Resistência Popular de Gaza, organização radical surgida durante a Segunda Intifada (2000-2005) e que engloba diversos grupos armados de Gaza. As represálias costumam ser contra o Hamas, já que esse grupo exerce o controle sobre o território. Fontes dos serviços de inteligência egípcios informaram que nem o Hamas nem a Jihad Islâmica intervieram no atentado, segundo a rádio das Forças Armadas israelenses. Fawzi Barhoum, porta-voz do Hamas, acusou Israel de ser o único responsável pela escalada da violência.

O ministro e membro do Gabinete de Segurança Yoav Galant, que foi general e chefe da divisão estacionada ao redor de Gaza, declarou-se neste domingo a favor de “garantir condições razoáveis de vida para os dois milhões de habitantes de Gaza”, tanto do ponto de vista humanitário como para a estabilidade do sul de Israel. O chefe do Estado-Maior, general Gadi Eizenkot, advertiu na semana passada que Gaza está à beira de uma crise econômica, o que pode desencadear uma explosão de violência. Israel e Hamas se enfrentaram em três guerras nos últimos 10 anos.

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