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Filho mais velho de Fidel Castro comete suicídio em Havana

Fidel Castro Díaz-Balart, de 68 anos, sofria de uma forte depressão, segundo a imprensa oficial cubana

Pablo de Llano Neira
Fidel Castro Díaz-Balart, em 2017.
Fidel Castro Díaz-Balart, em 2017.EFE
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O filho mais velho de Fidel Castro, Fidel Ángel Castro Díaz-Balart, de 68 anos, cometeu suicídio na manhã de quinta-feira em Havana (Cuba). Fidelito, como era conhecido, recebia tratamento para uma depressão havia meses, segundo a imprensa oficial cubana. Esteve hospitalizado durante algum tempo por causa da doença e atualmente recebia tratamento ambulatorial.

“O doutor em Ciências Fidel Castro Díaz-Balart, que vinha sendo atendido por um grupo de médicos há vários meses devido a um estado depressivo profundo, atentou contra sua vida na manhã de hoje, primeiro de fevereiro”, informou o jornal Granma.

Castro Díaz-Balart (nascido em 1º de setembro de 1949, em Havana) era o único filho de Fidel Castro com sua primeira esposa, Mirta Díaz-Balart, uma jovem de uma destacada família havaneira, de quem se divorciou em 1955. Ele tinha cinco meios-irmãos reconhecidos, filhos de Castro com sua segunda esposa, a professora Dalia Soto del Valle, e outra meia-irmã, Alina Fernández Revuelta, filha de Fidel Castro com sua amante Naty Revuelta. Por via materna, era primo de dois destacados políticos anticastristas da Flórida, Mario e Lincoln Díaz-Balart.

Popularmente conhecido como Fidelito e de grande semelhança física com o pai, o líder da revolução cubana, era engenheiro nuclear – o primeiro cubano com esse grau – e havia se especializado na disciplina na União Soviética, onde, por questões de segurança, estudou e obteve seus títulos sob o pseudônimo de José Raúl Fernández. Também foi assessor científico do Conselho de Estado de Cuba e vice-presidente da Academia de Ciências de Cuba. Tinha três filhos de seu casamento com a russa Olga Smirnova: Fidel Antonio, Mirta María e José Raúl.

Doutorou-se em Ciências Físico-Matemáticas no Instituto de Energia Atômica I. V. Kurchatov, um dos principais centros soviéticos de pesquisa atômica, no qual foi pesquisador. Em 1974, graduou-se suma cum laude em Física Nuclear pela Universidade Estatal Lomonosov de Moscou.

Fidel Castro Diaz-Balart com o pai, em 2002
Fidel Castro Diaz-Balart com o pai, em 2002AFP

De 1980 a 1992, foi Secretário Executivo da Comissão de Energia Atômica de Cuba. O filho de Fidel Castro Ruz (1926-2016) foi responsável pelo desenvolvimento da Usina Nuclear de Juragua (a oeste da Baía de Cienfuegos), uma cidade nuclear que não chegou a ser concluída por causa do colapso da União Soviética e hoje permanece abandonada. O fim desse enorme projeto, o investimento mais ambicioso da Cuba socialista comandado por seu pai, foi a grande frustração de sua carreira. Em 1992, o Granma anunciou sua destituição da direção da Secretaria de Assuntos Nucleares e pouco depois seu pai afirmou que o afastamento se devia à “sua ineficiência no desempenho das funções”. Saiu da cena até 1999, quando foi nomeado assessor do Ministério da Indústria Básica, cargo que compatibilizou com a divulgação científica como físico nuclear. Nos últimos anos, concentrou seus interesses científicos no campo da nanociência. Ele nunca ocupou cargos políticos.

Seu contato com o pai em seus anos de crescimento e formação foi limitado, como reconheceu em 2013 em entrevista ao canal de televisão Russia Today: “Não é segredo que, nos anos da minha adolescência e primeira juventude em Cuba, havia uma situação muito complexa (...) e, sem dúvida, tanto ele quanto os outros principais líderes tinham pouco contato. Não tinham a possibilidade que um ser humano normal tem de chegar em casa tranquilo”.

“Havia um filósofo espanhol, Ortega y Gasset, que dizia: ‘Eu sou eu e minhas circunstâncias’. Isso pode ser dito por qualquer pessoa”, sorriu, vestindo um terno e com a barba idêntica à do pai. “E eu também posso repetir isso”.

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