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Tiroteio em casa noturna no Ceará deixa mais de uma dezena de mortos

Crime, ocorrido em Fortaleza, deixou ao menos 14 feridos, entre eles um de 12 anos

Discoteca onde houve o tiroteio, em uma imagem de arquivo.
Discoteca onde houve o tiroteio, em uma imagem de arquivo.FACEBOOK FORRO DO GAGO
Tom C. Avendaño

O Estado do Ceará acaba de sofrer a maior chacina de sua história recente: um tiroteio em uma casa noturna na capital, Fortaleza, deixou pelo menos 16 mortos e 14 feridos. A polícia não tem dúvidas de que se trata de uma disputa territorial entre duas facções que competem pelo tráfico de drogas na região e que o alvo do ataque eram membros da maior delas, o Comando Vermelho.

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Dos sete mortos identificados há três homens e quatro mulheres, duas delas menores de idade. Os feridos estão todos em um quadro estável de saúde, entre eles quatro adolescentes (um de 12 anos, e três de 16 anos), e dois adultos, uma mulher e um homem.

Nas gravações de câmeras de circuito interno do estabelecimento é possível ver como os assassinos, supostamente membros do grupo Guardiões do Estado, saem de três carros, fortemente armados, pouco antes da 1h30 deste sábado, e entram atirando na casa noturna, o Forró do Gago, localizada no bairro de Cazajeiras, na periferia da cidade onde alguns dos membros do Comando Vermelho passavam a noite. Na manhã deste sábado, apesar da chuva, as ruas ao redor ainda estavam manchadas de sangue. Ninguém passava por ali. Os moradores disseram às redes de televisão que tinham medo de sair “até para comprar pão”.

Esta não é a primeira tragédia que atinge a capital cearense nos últimos tempos. Seus cerca de 2,6 milhões de habitantes têm visto como a violência não para de crescer. A chacina deste sábado supera em número de mortos uma ocorrida em 11 de novembro de 2015, quando foram assassinadas 11 pessoas em menos de seis horas. O governador, Camilo Santana, atribuiu o episódio ao mesmo motivo que usa para explicar todos os casos de violência: conflitos entre facções criminosas que disputam território. “É uma situação criminal que foi organizada e planejada”, disse. “Situações assim ocorrem no mundo inteiro. Desta vez, nossos serviços de inteligência não conseguiram evitar”. Mas insistiu que se trata de um caso pontual.

Se o Brasil está vivendo um auge da violência, com 60.000 homicídios por ano, o Ceará é um dos grandes responsáveis por estas estatísticas. Nos últimos anos, tornou-se o terceiro Estado mais violento do país, com 46 homicídios para cada 100.000 habitantes, quando a média do país é de 29 para cada 100.000. Esse número também colocou o Estado no topo da lista dos que mais assassinam adolescentes, segundo um relatório do Unicef publicado no fim de 2017. Fortaleza também lidera a lista de cidades com mais mortes entre adolescentes.

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