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O hóquei quebra o gelo entre as duas Coreias

Uma equipe intercoreana de hockey sobre gelo vai aos Jogos Olímpicos pela primeira vez em 30 anos

Jogadora sul-coreana entrega flores para a colega norte-coreana, nesta quinta-feira.
Jogadora sul-coreana entrega flores para a colega norte-coreana, nesta quinta-feira.Song Kyung-Seok-Poo (Getty)
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O hóquei quebra o gelo entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul em meio à tensão, sobretudo nos últimos meses, por causa dos programas balístico e nuclear do regime de Pyongyang. Doze jogadoras norte-coreanas de hóquei no gelo se uniram nesta quinta-feira a suas colegas sul-coreanas para formar uma equipe unificada, a primeira em quase três décadas, a fim de disputar a próxima edição da Olimpíada de Inverno na localidade sul-coreana de Pyeongchang. As atletas começarão a treinar juntas antes da competição, que tem início em 9 de fevereiro.

As esportistas, que vestiam moletons com a sigla DPR Korea (nome oficial em inglês da Coreia do Norte), foram recebidas na cidade de Jincheon, no leste da Coreia do Sul, com ramos de flores oferecidos por suas colegas sul-coreanas.

“Estou feliz pelo fato de o Norte e o Sul se unirem para esta competição”, declarou o treinador norte-coreano, Pak Chol Ho. Uma delegação do Norte acompanhou as jogadoras e preparará a chegada de outros atletas norte-coreanos que participarão da Olimpíada de Inverno, segundo informações do ministério sul-coreano da Unificação.

As 12 norte-coreanas se unirão às 23 sul-coreanas selecionadas para a competição graças a um recente acordo selado pelas duas Coreias e pelo Comitê Olímpico Internacional. É a primeira equipe intercoreana desde 1991, quando mesatenistas de ambos os países disputaram um campeonato mundial no Japão e jogadores de futebol participaram do Mundial Sub-20 em Portugal. A Coreia do Norte, que boicotara a Olimpíada de Verão de Seul-1988, envia neste ano outros 10 esportistas a Pyeongchang: três para o esqui de fundo, três para o esqui alpino, dois na patinação de velocidade e uma dupla de patinação artística.

A atividade diplomática entre Pyongyang e Sul se intensificou desde que o dirigente norte-coreano Kim Jong-un anunciou, em 1º. de janeiro, a possível participação do seu país nos Jogos. Os contatos civis estão proibidos entre as duas Coreias, que permanecem tecnicamente em guerra, pois o conflito travado entre 1950 e 1953 não terminou com um tratado de paz, e sim com um simples armistício.

O regime de Kim publicou nesta quinta-feira um discurso “a todos os coreanos” propondo a reunificação da península, um objetivo que a Coreia do Norte tentou conseguir pela força ao invadir seu vizinho do Sul em 1950. “Façamos uma campanha enérgica para apaziguar as tensões militares exacerbadas e criar um clima pacífico na península coreana”, diz o texto publicado pela agência oficial KCNA. É preciso “acabar com os receios e a incompreensão mútuos” e multiplicar os contatos e os intercâmbios, acrescenta o comunicado.

Polêmica na Coreia do Sul

A ideia de formar uma equipe unificada gerou polêmica na Coreia do Sul, onde alguns acusam Seul de sacrificar o sonho olímpico de vários esportistas do país por motivos políticos. O presidente sul-coreano, o centro-esquerdista Moon Jae-In, nunca escondeu sua vontade de transformar o evento de Pyeongchang nos Jogos da Paz, uma forma de atenuar as tensões entre os dois países.

Altos funcionários do Governo sul-coreano avivaram a polêmica ao justificarem sua decisão, argumentando que a equipe feminina de hóquei já não teria nenhuma chance de medalha. A polêmica afetou a popularidade de Moon, que atingiu seu menor nível (60%) desde a posse, em maio de 2017.

Contar com a presença de uma delegação da Coreia do Norte é “um investimento para o futuro”, dizem fontes da presidência sul-coreana. Mas muitos analistas duvidam que esse impulso pacífico dure além dos Jogos, já que Pyongyang afirma ter se tornado um Estado nuclear de pleno direito.

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