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Tribunal dos EUA sentencia sobrinhos de Maduro a 18 anos de prisão por narcotráfico

Os dois réus, parentes diretos da esposa do presidente venezuelano, planejavam levar 800 quilos de cocaína para o território norte-americano

F. MANETTO
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na quarta-feira com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na quarta-feira com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan.KAYHAN OZER (AFP)
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Um juiz de Nova York sentenciou nesta quinta-feira dois sobrinhos de Cilia Flores, esposa do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a 18 anos de prisão pelo crime de narcotráfico. Os réus Efraín Campo Flores e Francisco Flores de Freitas foram detidos em 2015 no Haiti por agentes da DEA, a polícia antidrogas dos Estados Unidos, quando planejavam levar 800 quilos de cocaína para o território norte-americano. Um júri popular os havia declarado culpados um ano atrás.

Vinculados à família mais poderosa da Venezuela, os sobrinhos da primeira-dama viajaram num jato particular a Porto Príncipe, onde desembarcaram usando passaportes diplomáticos – uma circunstância que o regime chavista nega. O objetivo da visita à capital haitiana teria sido concluir os detalhes da operação, que consistia em transportar cocaína da Venezuela para os Estados Unidos com uma escala em Honduras. Eles tentaram utilizar suas influências, e seus próprios advogados, de dois prestigiosos escritórios de Nova York e Chicago, desenharam a estratégia de defesa que consistia em apresentá-los como indivíduos “novatos” e “estúpidos” apanhados em uma armadilha. Um promotor federal havia solicitado uma pena de pelo menos 30 anos de prisão, mas o juiz Paul Crotty afinal a fixou em 216 meses (18 anos).

Efraín Campo Flores, de 31 anos, primo de Francisco Flores de Freitas, foi criado pela esposa do atual presidente depois que sua mãe morreu. Durante o julgamento, ficou demonstrado que ambos caíram por seus contatos com informantes da DEA. Os advogados buscaram desqualificar a investigação defendendo que os informantes receberam pagamentos de até 1,5 milhão de dólares da DEA. Uma dessas pessoas foi assassinada em Honduras em dezembro de 2015. Durante o julgamento, informa a agência Efe, foram apresentadas gravações de suas conversas com os sobrinhos de Maduro revelando que eles pretendiam burlar os controles policiais utilizando o hangar presidencial do aeroporto de Caracas para tirar a cocaína do país.

Num desses diálogos, além disso, Campo Flores revela que a droga procede de cultivos da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que há um ano assinou um acordo de paz com o Governo colombiano, desarmou-se, desmobilizou-se e já começou a participar da política institucional.

Depois da condenação pelo júri, em novembro de 2016, a Assembleia Nacional venezuelana, de maioria opositora antes que Maduro decidisse desmantelá-la convocando uma Constituinte, aprovou a realização de um debate parlamentar sobre o caso. Tal circunstância contribuiu na época para tornar ainda mais tensas as relações entre o Governo e a aliança oposicionista Mesa da Unidade Democrática. Os parlamentares governistas chegaram, segundo vozes críticas ao chavismo, a se ausentar da mesa de diálogo como sinal do seu rechaço. Mesmo assim, tratou-se de um protesto temporário, já que as conversações foram posteriormente reatadas, apesar de não terem levado a nenhum resultado conclusivo.

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