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Cinco mensagens revolucionárias do novo ‘Star Wars’ que você não esperava encontrar

Animalismo, pacifismo e religião surgem no oitavo episódio dos 'Os Últimos Jedi'

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Crítica | ‘Os Últimos Jedi’: Mais do mesmo, que chatice…
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Em uma galáxia muito distante... há coisas que não mudam. E é melhor que não mudem, porque os fãs de Star Wars não perdoariam. A estreia do Episódio VIII: Os Últimos Jedi confirma que a saga mais famosa das estrelas chega à reta final desta trilogia (mais uma já foi anunciada) em um bom estado de saúde. Depois da energia empenhada por J.J. Abrams no episódio anterior, agora Rian Johnson — que, vale destacar, vem do cinema indie e do celeiro de Sundance — mantém a mesma linha revival e a sucessão de acenos aos três primeiros títulos com os quais George Lucas cimentou este universo sempre em expansão.

A anunciada recuperação de Luke Skywalker (Mark Hamill), a previsível homenagem a Carrie Fisher (Leia Organa) após sua morte, os androides clássicos (RD-2D e C3PO), Chewbacca, o mítico Falcão Milenar... Todos têm sua cota de protagonismo, juntamente com os recém-chegados Rey, Kylo Ren-Ben Solo ou Finn: o sangue millennial deste novo episódio. E os mais fetichistas ficarão satisfeitos e correrão para encontrar as figurinhas dos Porgs, as novas criaturas concebidas pela Disney (parecidas com um esquilo) para se tornarem objetos de adoração e brinquedos para as crianças ao mesmo tempo. Por isso, pouco ou quase nada muda para que tudo permaneça igual. Os fãs se emocionarão com as já clássicas frases do prólogo, acompanhadas por esses sons de trombeta tão reconhecíveis, e chegarão à beira do delírio quando as espadas laser forem acesas e emitirem esse zumbido tão reconhecível.

Mas, depois de ver Os Últimos Jedi, é sim possível observar algumas novidades em termos narrativos, especialmente no que tem a ver com as questões abordadas tangencialmente em relação à típica trama principal (família, vingança, bem contra o mal, aventuras, batalhas...) e que ajudam a reforçá-la. Estas são algumas das questões incorporadas (ou reforçadas) no mundo que começou com a Guerra nas Estrelas há quarenta anos.

Os Porgs se unem ao universo de 'Star Wars'.
Os Porgs se unem ao universo de 'Star Wars'.

Defesa do meio ambiente: Quando Rey (Daisy Ridley) vai em busca de Luke, a jovem acaba no planeta Ahch-To, onde o grande Jedi decidiu se aposentar, como se fosse um eremita ou um monge que tivesse prometido silêncio. O lugar de sua bem merecida "aposentadoria" é uma ilha onde várias espécies de animais, que parecem estar à beira da extinção, coexistem em paz e harmonia. A chegada de Rey altera o ambiente pacífico, e Luke (e as próprias criaturas) têm que lhe dar algumas lições sobre ecologia e boas maneiras em relação à natureza.

Animalismo: Embora em um momento vejamos Luke pescando (de forma um tanto selvagem para reforçar essa luta interior entre o bem e o mal), em geral o filme aposta no respeito pelos animais. Mesmo o próprio Chewbacca se conscientiza e afasta de sua boca um pequeno Porg no qual iria cravar os dentes. Uma imagem metafórica em que o animal, que só se comunica com grunhidos, se recusa a comer outro animal.

Denúncia contra o tráfico de armas: Quando Rose (Kelly Marie Tran) e Finn (John Bodega) decidem localizar um golpista que pode ajudá-los a acabar com a segurança da Primeira Ordem, acabam aterrissando em um planeta ao qual os responsáveis pela direção estética deram um aspecto que parece inspirado em Monte Carlo ou Las Vegas. Lá promovem um ato em favor de uma espécie de animais (os libertam) que são usados por ricos e poderosos para apostas. E também recebem uma lição de DJ (Benicio del Toro) que abrirá seus olhos: os mesmos que vendem armas para o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis) fazem isso para a Resistência à qual eles mesmos pertencem.

As novas gerações e as veteranas em 'Os Últimos Jedi'.
As novas gerações e as veteranas em 'Os Últimos Jedi'.

Religião: Sempre esteve presente e em torno do mundo dos Jedi, mas neste caso o tema é colocado de forma mais profunda. Tanto que o próprio Luke, que resiste em deixar o lugar onde se aposentou, parece se questionar se não é hora de acabar com o legado da mítica saga guerreira com poderes à qual pertence. O mítico Skywalker com dúvidas sobre a fé? Pois isso acontece, e às vezes parece tão angustiado quanto os dois jesuítas que estrelaram Silêncio, de Martin Scorsese.

Um mundo mais millennial: No Episódio VII: O Despertar da Força, a incorporação de Rey e Finn no lado da Resistência (mostrando novas gerações entre seus membros) e de Kylo Ren nas fileiras da Primeira Ordem já modernizaram o aspecto (e as intenções) dos dois grupos tradicionalmente confrontados. Além disso, agora Rose, uma jovem oriental, se torna uma das integrantes mais destacadas dos rebeldes. Uma manobra de marketing? Pode ser. Mas, ao mesmo tempo, conecta-se com um novo público, com uma sensibilidade e uma maneira de ver o mundo que são muito diferentes daquelas dos anos sessenta, quando foi lançada a mãe de todas as space operas.

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