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Sete países oferecem ajuda para achar submarino argentino desaparecido

Marinha perdeu o contato com a embarcação, que leva 44 tripulantes a bordo, a 400 quilômetros da costa da província patagônica de Chubut

O submarino argentino ARA San Juan em uma foto de arquivo
O submarino argentino ARA San Juan em uma foto de arquivoTelam

A Marinha da Argentina procura um submarino desaparecido com 44 tripulantes desde quarta-feira. É a embarcação ARA San Juan, uma das três que integram a frota de submarinos da Argentina, que realizava exercícios de vigilância na área econômica exclusiva na altura de Puerto Madryn, na província patagônica de Chubut, após partir do porto de Ushuaia, no extremo sul. Quando ocorreu o último contato de rádio, o submarino se encontrava a 432 quilômetros mar adentro, próximo à região do Golfo San Jorge, como informou a Marinha em um comunicado. As buscas por ar e água ainda não deram resultados, e a Argentina recebeu ofertas de ajuda de sete países. Estados Unidos, Reino Unido, África do Sul, Brasil, Chile, Peru e Uruguai colocaram à disposição de Buenos Aires barcos, aviões e toda a informação via satélite que possuírem.

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O porta-voz da força, Enrique Balbi, disse que “pode ter ocorrido uma falha técnica” que provocou a perda de contato com a tripulação, mas se negou a confirmar a versão dada por alguns veículos de informação locais, que falam de um incêndio no banco de baterias, que armazena a energia a bordo. O ARA San Juan é de propulsão elétrica e leva 960 baterias a bordo. “Não há nenhum indício grave sobre o submarino, simplesmente deixou de realizar comunicações”, afirmou Balbi.

O porta-voz disse que o submarino não afundou, porque não existem “indícios nesse sentido”. “O que não sabemos é se tem propulsão e a gravidade da avaria. Isso significa que existem duas posições estimadas nas quais procurar. Se a falha for somente na comunicação, precisou seguir a rota direta a Mar del Plata [seu destino final, 400 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires] para facilitar o encontro. Se, por outro lado, não tem propulsão e está à deriva, é preciso procurá-lo levando em consideração os ventos e as correntes”, disse o porta-voz.

A busca é lenta e a área muito extensa. Ao meio-dia de sexta-feira, a Marinha informou que havia conseguido rastrear 20% da zona onde se acredita que o submarino possa estar. A Chancelaria argentina confirmou também que recebeu ofertas de apoio logístico e de possível informação via satélite dos Governos do Chile, Estados Unidos e Reino Unido, esse último com a presença naval nas Ilhas Malvinas. Mais tarde, Balbi anunciou que o Uruguai, Brasil, Peru e África do Sul também ofereceram ajuda.

A Marinha argentina enviou à região duas corvetas, um destroier, um avião Tracker e um B-200 de vigilância marítima para procurar o ARA San Juan. Também ordenou a todas as estações de rádio costeiras que fiquem atentas a possíveis pedidos de auxílio.

O passar das horas e a falta de notícias acabaram por ligar os alarmes em Buenos Aires. O ministro da Defesa, Oscar Aguad, adiantou seu retorno do Canadá, onde participou de um encontro das Nações Unidas, para se instalar com seu gabinete em Mar del Plata. O presidente Mauricio Macri, que já pensava em se instalar na residência oficial do Governo em Chapadmalal, próxima ao balneário, também estará na região no final de semana.

Em sua conta oficial no Twitter, Macri disse que seu governo utilizará "todos os recursos nacionais e internacionais necessários para encontrar o submarino o quanto antes".

 Famílias "desesperadas"

“O Comando da Força de Submarino, na Base Naval Mar del Plata e responsável pela execução do Plano SARSUB, entrou em contato com os familiares dos 44 tripulantes embarcados, para mantê-los informados sobre o desenrolar das operações de localização e os motivos da perda das comunicações”, informou a Marinha argentina em um comunicado.

Alguns familiares da tripulação vieram de manhã cedo à base naval de Playa Grande, onde está o cais para onde se dirigia o submarino. Entre lágrimas, Cristina, irmã de Javier Gallardo, um oficial que trabalha na cozinha do ARA San Juan, disse que todos eles estão “desesperados”. “As famílias não sabem nada”, se queixou durante uma entrevista à rádio Brisas de Mar del Plata. A mulher disse que a última vez em que falou com seu irmão foi há sete dias.

O “ARA San Juan” é um dos três submarinos da Marinha argentina, junto com o ARA Salta e o ARA Santa Cruz, e tem sua base na cidade de Mar del Plata. É de classe TR 1700 de fabricação alemã e foi incorporado à Marinha argentina em 1985. De propulsão a diesel elétrica convencional, foi projetado para ataques contra forças de superfície, submarinos, navios mercantes e operações de colocação de minas.

Entre 2007 e 2014, o Governo argentino o restaurou. Foi preciso abrir seu casco em dois para a colocação de quatro motores a diesel MTU de 16 cilindros e 1200 kW de potência, que movimentam alternadores de 4.000 amperes. Foi dito à época que os trabalhos alargariam a vida útil da embarcação em pelo menos 30 anos.

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