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Líder da Catalunha se encontrou com Assange para promover a secessão

O encontro com o chefe do Wikileaks coincide com a volta nas tentativas de manipular a propaganda cibernética

El País
Soler deixa a embaixada do Equador em Londres em 9 de novembro após encontrar Assange.
Soler deixa a embaixada do Equador em Londres em 9 de novembro após encontrar Assange.

Oriol Soler é um empresário e editor catalão e também um dos mais importantes militantes do movimento secessionista na Catalunha. Ele foi convidado por Julian Assange, ativista perseguido pela Justiça americana responsável pelo site Wikileaks, para uma reunião para falar sobre a ruptura da região com a Espanha, segundo descobriu o EL PAÍS e foi confirmado pelo próprio Soler. A reunião aconteceu em 9 de novembro na Embaixada do Equador em Londres, onde Assange permanece asilado há cinco anos.

A Espanha tem "muitos indícios" de que este episódio, bem como outros que os serviços de inteligência descobriram, "tentam intervir, manipular e afetar o que deveria ser o desenvolvimento democrático natural na Catalunha". Isso foi confirmado pelo ministro das Relações Exteriores, Alfonso Dastis. “Sim, há muitos indícios de que esse senhor e outros estão tentando intervir, manipular e afetar o que deveria ser o desenvolvimento democrático natural na Catalunha. Essas informações apontam nessa direção”, disse ele. Fontes próximas ao ministro especificam que ele estava se referindo a Assange quando falou de tentativas de manipulação.

O chefe da diplomacia considerou provado que o encontro entre Soler e o fundador da Wikileaks —hoje campeão do movimento de independência nas redes sociais, onde ele tem um poder quase incomparável— tinha como objetivo favorecer o movimento de independência catalão.

ERC: "Não sabemos se a reunião aconteceu"

O porta-voz da Esquerda Republicana, Sergi Sebrià, recusou-se na segunda-feira a avaliar a reunião. "Não cabe a nós, pois não sabemos se aconteceu", disse. Quando perguntado sobre a proximidade de Soler com o partido independentista, o porta-voz acrescentou: "Não podemos responder pelas 800.000 pessoas que votaram em nós e nem por suas viagens".

A reunião ocorre quando o governo aumenta a bateria de evidências de que houve uma tentativa consciente de manipular a vida democrática do país. Não é por acaso que todas as atividades de apoio à independência da Catalunha foram encaminhadas pelas redes sociais através dos mesmos canais que outros movimentos claramente antieuropeus, como Brexit ou populismo de extrema-direita. Nas contas espanholas do Twitter sobre o tema catalão existiam muitos perfis falsos. Mais de 50% estão registrados na Rússia e 30% na Venezuela. Apenas 3% das contas eram reais ", explicou o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, em entrevista ao jornal econômico alemão Handelsblatt.

O ministro da Defesa, Dolores de Cospedal, também afirmou que há evidências da interferência russa: "O que sabemos é que muitas das ações vieram do território russo, não sabemos se exatamente do governo russo, e algumas foram replicadas do território venezuelano". Cospedal considera importante para aumentar a conscientização sobre o problema. "É importante saber que existem entidades que tentam criar situações instáveis na Europa, o conhecimento é o primeiro passo e isso foi dado", disse Cospedal.

A Comissão Europeia aprovou a criação de um grupo de trabalho para tentar combater o formato mais conhecido de manipuladores nos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha: as notícias falsas nas redes sociais. Um grupo de acadêmicos, plataformas on-line, mídia e organizações civis procurará desmentir a desinformação que circula pelas redes. Bruxelas também lança uma consulta pública ligada a esta questão e planeja adotar medidas subsequentes. O grupo de especialistas começará a trabalhar em janeiro.

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