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Ex-presidente catalão não se considera destituído e continua a desafiar a Espanha

O até ontem presidente convoca uma "oposição democrática" à intervenção espanhola no governo regional

Miquel Noguer

Horas depois da intervenção do Governo central espanhol na Catalunha, Carles Puigdemont, que até então fora presidente catalão, não se considera destituído. No que parecia ser uma tentativa de transmitir a imagem de que continua a liderar seu Governo, apesar de ter sido formalmente removido, o já ex-presidente compareceu no início da tarde na televisão regional em mensagem gravada de manhã na qual convoca os catalães a exercer uma “oposição democrática” à presença da Espanha no Governo regional.

Carles Puigdemont nesta sexta-feira.
Carles Puigdemont nesta sexta-feira.David Ramos (Getty Images)
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Sem anunciar nenhuma medida concreta, Puigdemont pediu aos catalães para “continuar perseverando sem violência, sem ofensas, de maneira inclusiva e respeitando pessoas e símbolos e também os catalães que não estão de acordo com a maioria parlamentar”. O resto do discurso, de pouco mais de três minutos, concentra-se em negar legitimidade às medidas aprovadas no dia anterior pelo Senado espanhol.

Puigdemont lançou o pedido aos catalães sem explicar como trabalhará sua equipe, que se encontra legalmente exonerada. “Temos paciência, perseverança e perspectiva. Por isso nos é claro que a melhor maneira de defender as conquistas obtidas até hoje é a oposição democrática à aplicação do artigo 155 [da Constituição espanhola, que permite a intervenção do Governo central], que é a consumação de uma agressão premeditada à vontade dos catalães, que de maneira muito majoritária e ao longo de muitos anos nos sentimos nação da Europa”.

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Puigdemont acrescentou: “Temos que fazê-lo nos preservando da repressão e das ameaças, fazê-lo sem abandonar nunca, nunca, em nenhum momento, uma conduta cívica e pacífica. Não temos nem queremos a razão da força. Nós, não. Peço-lhe isso convencido de que essa demanda é a que todo mundo espera, também fora de nosso país”.

Rajoy anunciou na sexta-feira a destituição de todo o Governo catalão, e a vice-presidenta espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría, assumiu neste sábado a maioria das funções que cabem ao presidente e ao vice-presidente da Generalitat (nome dado ao governo local). O Executivo também exonerou o chefe dos Mossos d’Esquadra, a polícia catalã.

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