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Catalunha: Milhares de manifestantes ovacionam a declaração de independência diante do Parlamento

Os concentrados, reunidos desde a manhã, recebem com aplauso o resultado da votação

Ambiente independentista na parte externa do Parlament da Catalunha, em Barcelona.
Ambiente independentista na parte externa do Parlament da Catalunha, em Barcelona.CRISTÓBAL CASTRO
J. J. GÁLVEZ
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O aplauso ressoou com força no Paseo de Picasso, em Barcelona, quando o Parlamento da Catalunha aprovou nesta sexta-feira a resolução para proclamar a independência. Aqui, junto ao parque que cerca o Legislativo, milhares de pessoas se reuniram para respaldar o Governo catalão. Os manifestantes vaiaram as intervenções dos partidos contra a independência e ovacionaram efusivamente as dos partidos independentistas. “Liberdade, liberdade!”, entoaram as vezes. “Fora, fora!”, quando falaram seus rivais. Tudo isso em um ambiente dominado pelas esteladas [bandeira catalã], gritos de “independência” e cartazes que instavam à “desobediência” para constituir a república catalã. E 'Els segadors' [hino nacional da Catalunha] para concluir.

Assim os manifestantes receberam o anúncio. Eles começaram a se juntar nos arredores do Parque da Ciutadella desde a primeira hora da manhã desta sexta-feira. A ANC havia convocado a concentração a partir das 10h30 e preparado um palco na esquina do Paseo Picasso, na entrada do parque, para acompanhar o plenário do Parlamento Catalão, que iria votar as propostas de resolução a serem apresentadas pelos diferentes grupos parlamentares. Os manifestantes levavam cartazes e gritavam pela libertação dos presidentes da ANC e do Òmnium, Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, e contra a aplicação do artigo 155, e com bandeiras, na maioria esteladas.

A multidão recebeu com aplausos, ovações e gritos de apoio as dezenas de prefeitos da Catalunha que chegaram ao Parlamento para apoiar a declaração de independência. “Obrigada”, lhes repetia uma mulher na passagem deles. “Bom dia e boa sorte”, lhes dizia um mosso [policial local] postado junto ao Parque da Ciutadella. “É uma jornada esperançosa. É uma oportunidade muito grande para a Catalunha poder voltar a ser um Estado”, ressaltava Xavier Casoliva Pla (ERC), prefeito de Guissona, um município de Lleida com mais de 6.000 habitantes.

A Associação Catalã de Municípios (ACM) e a Associação de Municípios pela Independência (AMI) enviou na quinta-feira um comunicado aos prefeitos da comunidade para que comparecessem nesta sexta ao plenário da Câmara. As organizações lhes pediam expressamente que levassem o cetro de comando da prefeitura. “Recomendamos levar o bastão”, pregava a mensagem. “É importante que estejamos aqui. E é um símbolo de que, no mundo local, morreremos com o Govern”, destacava Josep Llobet Condal, prefeito de Sant Guim de la Plana (Lleida)."Esta sexta-feira é um dia histórico se tudo acabar como esperamos. A Catalunha vai recuperar suas liberdades e vamos poder nos desprender de um país onde não estamos à vontade e do qual queremos fugir para fazer um país melhor e mais justo”, continuava Llobet (ERC), administrador de um município de apenas 200 habitantes, situado na comarca da Segarra. Diante da estação ferroviária de Francia, na capital catalã, este prefeito insistiu em que espera que “ao término da jornada a república catalã tenha sido proclamada”. “Para isso viemos”, disse, antes de insistir: “E arcaremos com as consequências. E seguiremos em frente e veremos como saímos deste momento dificílimo.” A seu lado, falava Javier Pinto, prefeito de Plans d'El Sió: "Viemos pelo sentimento que temos no país, pelos dez anos que já estamos na ditadura e para o apoio ao Governo”. Este prefeito considera a aplicação do artigo 155 um “ataque direto” às instituições catalã e à democracia. “A declaração unilateral de independência é o último recurso que nos deixou o governo de Madri”, afirmou. Às suas costas, a multidão agitava esteladas aos gritos de “independência”.

Antes da chegada dos prefeitos independentistas, os manifestantes tinham estacionado carros em um dos acessos ao Parlamento para bloquear o acesso à Guarda Civil e à polícia. No entanto, os “mediadores" dos policiais falaram com os manifestantes e eles retiraram os veículos, informa Guillem Andrés.

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