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Em noite de homenagem a Abel Braga, Cristiano Ronaldo é eleito melhor do mundo pela quinta vez

O português, que vence pelo segundo ano consecutivo, derrota Messi e Neymar. Zidane, fundamental para seu rendimento, recebe o prêmio de melhor treinador

Cristiano Ronaldo posa antes da cerimônia de premiação da FIFA.
Cristiano Ronaldo posa antes da cerimônia de premiação da FIFA.Andy Rain (EFE)
Eleonora Giovio

Antes de consagrar os craques, a FIFA prestou homenagem ao técnico do Fluminense, Abel Braga, que perdeu o filho mais novo em um acidente doméstico, em julho, e foi literalmente abraçado pela torcida do clube carioca no Maracanã. Depois, a noite foi dele, novamente. Vestindo um terno preto, colete e gravata, Cristiano Ronaldo – que chegou ao London Palladium acompanhado do filho mais velho e da namorada – recebeu na noite de segunda-feira em Londres o prêmio da FIFA de melhor jogador do ano. É o segundo consecutivo para o português, que na última temporada venceu o Mundial de Clubes, o Campeonato Espanhol e a Champions League. As duas Supercopas não contam porque desta vez a FIFA deixou de lado seu caráter anual e só levou em consideração o período entre 20 de novembro e 2 de julho. Cristiano Ronaldo derrotou Messi e Neymar com os votos de jornalistas, treinadores, capitães das seleções e torcedores inscritos no site da FIFA. Zinedine Zidane também ganhou o prêmio de melhor treinador do ano. Claudio Ranieri, que tirou o galardão de Zidane no ano passado, entregou o prêmio ao francês.

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“Meu inglês é muito ruim”, disse o técnico do Real Madrid soltando uma gargalhada. “Vamos fazer um pouco em francês e um pouco em espanhol”, acrescentou. Ele ainda soltou algumas frases em italiano. “Dedico o prêmio à minha mulher, eu te amo porque você sempre está presente. E quero agradecer ao Real Madrid porque me deu a oportunidade de treinar esses jogadores. Cristiano, Luka, Toni, Marcelo... obrigado a vocês. Eu fui jogador e isso é especial”, disse Zidane, que não gosta desse tipo de solenidade.

“Quero agradecer aos meus companheiros, ao meu clube, ao treinador e ao presidente. Faz onze anos que subo neste palco e trabalho duro, nunca pensei que ganharia tantos títulos. Parabéns ao Leo [Messi] e ao Neymar e obrigado por estarem aqui. É um momento inesquecível, estou feliz, rapazes”, disse Cristiano Ronaldo, de 32 anos, ao receber o prêmio. Ele também foi indicado para a Bola de Ouro, concedida pela revista France Football no fim do ano. Ele viajou a Londres pela manhã em um avião particular acompanhado pelo presidente Florentino Pérez e seus companheiros Marcelo, Toni Kroos, Luka Modric e Sergio Ramos (eleitos para a seleção da temporada). Ficaram em Madri Keylor Navas –indicado para melhor goleiro, outro prêmio novo desta edição– e Dani Carvajal, para continuar com seus trabalhos de recuperação.

Cristiano Ronaldo, que também faz parte da seleção mundial, terminou a temporada em Cardiff, no dia 3 de junho, com 42 gols: 25 no Campeonato Espanhol, 12 na Champions, 4 no Mundial de Clubes e um na Copa. Com exceção de sua primeira temporada, na qual perdeu semanas de competição por causa de uma lesão, o português nunca havia marcado tão pouco (se é que 42 gols em 46 jogos podem ser qualificados como poucos), mas seus gols foram muito importantes na Champions. Fez dois na Allianz Arena, quando o Real Madrid estava contra as cordas no jogo de ida das quartas de final, três no jogo de volta no Santiago Bernabéu e outros três contra o Atlético, algumas semanas depois, no primeiro jogo das semifinais. Quase todos, além disso, foram gols de centroavante puro.

Em Cardiff colocou o broche de ouro com outros dois gols. “Com 39 anos, acreditava que não tinha mais nada a aprender, mas sempre digo aos meus amigos: jogadores como Cristiano Ronaldo me ensinaram a ter fome sempre, apesar de ter ganhado tudo, e a ter humildade para entrar na disputa”, elogiara, na véspera, Gigi Buffon, goleiro e capitão da Juve.

A parte negativa dessa fome foi moderada por Zidane, o primeiro treinador que conseguiu convencer Cristiano de que era necessário dosar seus esforços. O português queria jogar tudo, marcar sempre e não parar nunca. Nas duas últimas vezes que o Real Madri chegou à final da Champions (2014 e 2016) Cristiano estava desgastado. Em Lisboa – com um joelho castigado pela inflamação da cartilagem – só jogou porque era a final. Em Milão também jogou sem estar no máximo, castigado por uma temporada longa e exigente.

Chegou à final de Cardiff em seu melhor momento porque Zidane o fez ver que havia outras maneiras de ser protagonista. Que descansando de vez em quando não seria o fim do mundo. Pelo contrário, assim seria fundamental quando a equipe mais precisasse dele e quando os títulos são decididos. E ele o fez. Dos 12 gols na Champions, nove foram marcados a partir das quartas de final. No Campeonato Espanhol ele foi decisivo na parte final, depois que o Real Madrid perdeu o clássico em casa e teve o Barça em seu encalço. Só valia ganhar. Cristiano anotou seis gols nos últimos quatro jogos, todos nos quais jogou (contra Valencia, Sevilla, Celta e Málaga).

Se o fim de temporada do português foi espetacular, o verão começou com problemas com o Ministério da Fazenda, seus silêncios e os rumores sobre uma possível saída do Real Madrid. No fim de julho, prestou depoimento à Justiça por quatro crimes contra as Finanças Públicas, supostamente cometidos entre os anos de 2011 e 2014, e que envolvem uma fraude fiscal de 14,76 milhões de euros (cerca de 55,72 milhões de reais). Irritado com o tratamento, em sua maneira de ver, recebido na Espanha, confessou aos companheiros de seleção que se sentia perseguido e criminalizado. Jorge Mendes começou a procurar possíveis saídas. Zidane interrompeu suas férias para chamar Cristiano e dizer-lhe que não imaginava abrir um ciclo sem ele. Ficou, ganhou junto com o Real Madrid as duas Supercopas. Artilheiro na Champions, só marcou um gol neste Campeonato Espanhol.

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