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Editoriais
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Obsessão mexicana

Trump quer dinamitar o Tratado de Livre Comércio que os EUA mantêm com Canadá e México

Representante do Canadá, EUA e México anunciam os resultados das negociações do Tratado de Livre Comércio da América do Norte.
Representante do Canadá, EUA e México anunciam os resultados das negociações do Tratado de Livre Comércio da América do Norte.LENIN NOLLY (EFE)

A intenção de Donald Trump de dinamitar o Tratado de Livre Comércio que os EUA mantêm com Canadá e México (NAFTA) pode ser um dos maiores erros de sua presidência, com gravíssimas consequências econômicas, políticas e estratégicas.

Trump pretende introduzir uma cláusula de término automático do acordo em cinco anos a não ser que os parceiros se manifestem em contrário. É uma medida inexistente em qualquer outro tratado dessa natureza, entre outras razões porque o livre comércio é um processo progressivo cujos benefícios se veem in crescendo. Mas acontece que Trump não para de pensar que seu país perde com o NAFTA enquanto México ganha, o que é falso quando se tem os números na mão.

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O modelo econômico buscado por Trump para os EUA, industrial e manufatureiro, simplesmente já não existe. O governante norte-americano acredita que é possível desmontar a indústria manufatureira no México e transferi-la para os EUA e para isso precisa dinamitar o tratado. Mas não leva em conta que estamos no século XXI. Nesse movimento improvável, os postos de trabalho destruídos no México não seriam criados nos EUA; seriam automatizados.

Politicamente, a essas alturas, Trump já deveria ter entendido que não se pode insultar um vizinho, parceiro a aliado o tempo todo. Sua obsessão antimexicana marcou a campanha e aflora toda vez que tem o menor problema interno. Um México forte, próspero, estável e democrático —como é o Canadá ao norte— é o que melhor poderia acontecer aos EUA. O tratado é uma ferramenta fundamental com a qual todos ganham.

As mensagens que Trump continua mandando a todo mundo sugerem que os EUA já não é um aliado confiável, e que não está interessado no desenvolvimento da comunidade internacional. Felizmente, ainda há uma maioria que não acredita nele.

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