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Trump se irrita com matéria e ameaça retirar a licença do canal NBC

Presidente ficou contrariado com informação de que teria pedido aumento do arsenal nuclear dos EUA

Trump na terça-feira
Trump na terça-feiraKEVIN LAMARQUE (REUTERS)

A rede de televisão NBC divulgou, nesta quarta-feira, que o presidente Donald Trump defendeu em julho que o arsenal de armas nucleares norte-americano deveria ser multiplicado por dez. A empresa citou três fontes oficiais para embasar a notícia, mas o presidente usou seu Twitter para rechaçar a informação e ameaçar o canal com represálias.

“Os falsos da NBC inventaram que quero ‘multiplicar por dez’ nosso arsenal nuclear. Pura ficção, inventada para menosprezar. NBC = CNN”, escreveu o presidente em um tuite. “Com tantas notícias falsas sendo publicadas na NBC e outros canais, em que momento é apropriado retirar sua licença?”, questionou.

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Do Salão Oval, o presidente voltou a enfatizar horas depois que era “informação falsa” e defendeu que dez vezes o número atual de munição seria “desnecessário”. “Só quero que estejam em boas condições”, disse Trump. O secretário de Defesa, Jim Mattis, escreveu em um comunicado que a informação da NBC era “absolutamente falsa”.

De acordo com a matéria da NBC, publicada minutos antes dos tuites, Trump pediu para aumentar as capacidades nucleares durante uma reunião em 20 de julho com os assessores militares e de segurança nacional de alto escalão. Todos eles rejeitaram fortemente a ideia. Nessa reunião, os generais apresentaram com gráficos a redução do arsenal de forma constante desde 1960.

Contra o desejo do presidente de possuir mais armas, muitos assessores explicaram as dificuldades legais e estratégicas para fazer isso. E advertiram que poderia enviar sinais desconfortáveis para a comunidade internacional, algo ainda mais delicado agora pela escalada na retórica contra a Coreia do Norte nos últimos meses. Mas os EUA, independentemente dos desejos de Trump, não têm planos para aumentar sua capacidade nuclear, sempre segundo o canal de TV norte-americano.

Foi depois dessa reunião no Pentágono que, também segundo a NBC, o secretário de Estado, Rex Tillerson, chamou Trump de “imbecil”. Trump também contestou esta informação na terça-feira, chamando-a de “notícia falsa” e afirmando que, se isso fosse verdade, iria desafiar Tillerson para um teste de inteligência.

Não seria a primeira vez que Trump teria mostrado sua vontade de ter mais armas. Em uma entrevista em fevereiro, o presidente disse que gostaria que seu país estivesse à “cabeça da manada” em relação à posse de armas nucleares. Em dezembro de 2016, quando já era presidente eleito, o magnata defendeu o reforço e a expansão das capacidades nucleares.

Tanto a ameaça à NBC como a perigosa ideia de aumentar a munição nuclear ilustram o caráter impulsivo e combativo do presidente que rompe as regras tradicionais sobre a liberdade de imprensa nos EUA ou a liderança internacional que Washington está há anos criando ao redor da redução da ameaça nuclear.

O ataque ao canal de televisão, um dos principais do país, é o mais recente de Trump, que desde sua campanha eleitoral acusou, sem qualquer prova, as maiores organizações de comunicação de publicar notícias falsas. Anteriormente, o republicano dirigiu suas críticas mais duras ao concorrente da NBC, a CNN, insultando o canal várias vezes no Twitter. Em julho, o presidente tuitou uma montagem de vídeo no qual aparecia golpeando uma pessoa com logotipo da rede sobreposto sobre a cabeça. “A imprensa é o inimigo do povo americano”, disse um mês após assumir o cargo.

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