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Trump em Las Vegas: “Hoje não vamos falar sobre a violência das armas”

Presidente visita vítimas do ataque enquanto a Casa Branca tenta silenciar o debate sobre armas

Pablo Ximénez de Sandoval

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aterrissou na quarta-feira em Las Vegas para se encontrar com as vítimas, o pessoal do resgate e os policiais que viveram a tragédia do último domingo. É a quarta viagem que Trump faz ao local de uma emergência, depois de Houston, Miami e Porto Rico. Mas o que aconteceu em Las Vegas não é um furacão. É o maior tiroteio da história dos Estados Unidos, um acontecimento que volta a colocar no foco um dos temas mais desconfortáveis da política do país, o controle de armas. Perguntado pela questão na primeira oportunidade que houve, Trump respondeu: “Não vamos falar hoje sobre a violência das armas”.

Trump chegou às 9h30 locais ao aeroporto de Las Vegas, bem na frente do local do massacre. Tão perto que o aeroporto teve que fechar na noite de domingo porque as pessoas que fugiam do atirador romperam uma cerca e entraram na pista, segundo os veículos de imprensa locais. Do aeroporto, o presidente seguiu para o hospital universitário da cidade, onde tinha previsto se reunir com vítimas e o pessoal do resgate. Ao contrário das visitas a outros locais, esta aconteceu longe das câmeras. Ao terminá-la, o presidente falou por alguns minutos ao terminar a visita. Elogiou a resposta da polícia e os hospitais de Las Vegas, evitou por completo o assunto das armas e centrou-se em uma frase que repete desde a última segunda-feira: “Trata-se de um homem muito doente, uma pessoa muito demente”, repetiu no hospital. A Casa Branca parece firmemente alinhada com os defensores da liberdade total para se possuir armas, no sentido de colocar todo o foco na conflitiva personalidade dos assassinos.

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A cada massacre a tiros durante o Governo Barack Obama (Sandy Hook, Charleston, Dallas…) a primeira coisa feita pelo presidente foi pedir a seu país uma reflexão sobre a facilidade do acesso às armas de fogo nos Estados Unidos. Obama chegou a confessar que não ter conseguido avançar nesta questão foi uma das grandes frustrações de sua Presidência. A atitude da Casa Branca de Trump é tentar calar este debate por todos os meios. Na segunda-feira, a porta-voz da Presidência, Sarah Huckabee, disse que “não é o momento” de fazer este debate, já que a nação está sofrendo. Na terça-feira, Trump, pessoalmente, afirmou: “Falaremos das leis de armas com o tempo”.

O debate, no entanto, vai se ampliando aos poucos. O assassino tinha um gigantesco arsenal de armas de guerra em seu quarto de hotel. Entre elas, rifles. Nos EUA estão proibidas as armas automáticas, mas é possível criar uma com um pequeno artefato que custa 99 dólares e que permite que o gatinho dispare em rajadas. Estes artefatos existem há uma década. A senadora da Califórnia Dianne Feinstein tentou aprovar a proibição deles em 2013, mas a lei nunca avançou. Na última quarta-feira, repetiu sua proposta.

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