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Grandes tiroteios causam em média 121 mortes por ano nos Estados Unidos

Entre 2009 e 2016, ocorreram 156 grandes tiroteios que causaram a morte de 848 pessoas

Policiais no local do tiroteio em Las Vegas.
Policiais no local do tiroteio em Las Vegas.Ethan Miller (AFP)
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Por trás da matança em Las Vegas, na qual morreram pelo menos 50 pessoas, se escondem muitas estatísticas que fazem da violência armada nos Estados Unidos uma anomalia no mundo desenvolvido.

Entre 2009 e 2016, ocorreram 156 grandes tiroteios, aqueles em que morrem pelo menos quatro pessoas. Esses ataques mataram 848 pessoas, de acordo com dados da organização Everytown, que advoga por um maior controle no uso de armas. Isso significa que em média por ano ocorrem 22 grandes tiroteios nos EUA que causam 121 mortes.

Se forem incluídos todos os tiroteios, ou seja, não só os que matam pelo menos quatro pessoas, os números são muito mais dramáticos. O cálculo indica que a cada ano no país morrem 33.000 pessoas por disparos de armas de fogo, o que equivale a 93 por dia, de acordo com dados da Campanha Brady.

Existem mais dados. A maioria dos grandes tiroteios, 54% deles, está relacionada à violência doméstica e familiar, segundo a Everytown. 63% ocorrem em residências privadas. Em 42% dos tiroteios, o agressor deu mostras anteriores de uma conduta perigosa, seja tentativas prévias de violência ou abuso de substâncias. 34% dos tiroteios foram realizados por pessoas que não tinham permissão de portar armas, o que revela a ineficiência dos controles atuais.

Não há um número exato de quantas armas de fogo existem em mãos de civis nos EUA, mas as estimativas são que o número equivale a nove para cada dez pessoas. O Serviço de Pesquisa do Congresso calculou, em um estudo de 2012, que três anos antes existiam nos EUA 310 milhões de armas. A população estadunidense é de 321 milhões de habitantes.

A abundância de pistolas e rifles, e o fracasso das principais tentativas de se impor maiores restrições à compra e venda desses artefatos se traduzem em uma violência desproporcional nas ruas dos EUA em comparação com outros países avançados. Em 2013, ocorreram nos EUA 35,5 homicídios com arma por cada milhão de habitantes, segundo um estudo da Global Burden of Disease. No Canadá, por sua vez, foram 4,9 por cada milhão de habitantes e no Reino Unido, 0,93 por cada milhão.

A cultura das armas nos EUA, cujo uso é amparado pela Constituição, a pressão dos eleitores e o lobby dos fabricantes dificultam as tentativas de reforma no Capitólio. A última mudança legal significativa em todo o país é de 2007, quando foi ampliada a proibição de venda a pessoas com transtornos e delinquentes. As maiores iniciativas nos últimos anos foram feitas pelos Estados.

Em 2016 o debate sobre os rifles semiautomáticos de estilo militar foi brevemente reaberto. Esse tipo de fuzil foi o utilizado em junho desse ano por um simpatizante jihadista que matou 49 pessoas em uma discoteca em Orlando, no que até agora era o pior tiroteio da história dos EUA. Ressurgiu à época o debate político sobre a proibição da venda desses rifles, levantado em 2004. Mas poucas semanas depois a falta de consensos o fez naufragar.

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