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Paulinho, o parceiro inesperado de Messi

Excelente no jogo vertical, o volante brasileiro ganha a confiança do barcelonismo e a aprovação do craque do time

Bernat Coll
Paulinho e Messi celebram um gol diante do Eibar.
Paulinho e Messi celebram um gol diante do Eibar.ALBERT GEA (REUTERS)
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Não é fácil jogar no sofisticado Barcelona. Também não parece simples se adaptar às necessidades de um número 1 como Messi. Nem conquistar a aprovação do exigente Camp Nou.

Mas por enquanto nada parece impossível para Paulinho, que transformou os olhares suspeitos dos torcedores blaugranas durante o verão em aplausos e uma ovação do Camp Nou no jogo contra o Eibar. “Não tenho que provar nada para as pessoas que duvidaram de mim, mas aos meus companheiros e ao Barcelona. E o melhor é fazê-lo dentro do campo, com vitórias e gols”, diz o brasileiro.

A vida de Paulinho mudou de cor. Valverde escalou-o como titular pela primeira vez contra o conjunto de Mendilibar e o brasileiro respondeu com a mesma moeda que em Getafe: um gol e a sensação de que sua adaptação está sendo mais rápida do que o esperado. “Paulinho vai sair barato”, disse Dani Alves com um sorriso no Instagram, quando o seu compatriota cabeceou para a rede um escanteio cobrado por Denis Suárez. Depois dos dois últimos jogos, os 40 milhões de euros pagos por sua contratação já não são apresentados como arma nem seus 29 anos parecem pesar em suas pernas. “Ele nos oferece um perfil diferente daquele de outros jogadores da equipe”, afirma Valverde.

E seu perfil é mostrado com alegria no ir e vir que o Barça propôs no segundo tempo contra o Eibar. “Ele tem chegada na área, força e entra da segunda linha”, define o treinador. Paulinho foi pouco visto no primeiro tempo, dominado pelo Eibar, que bloqueou a circulação da bola. “Ele começou com algumas dificuldades porque não encontrava seu lugar. Não é fácil”, defende Valverde. As dificuldades se transformaram em erros: Paulinho perdeu 11 das 54 bolas que passaram por seus pés, o terceiro pior registro do Barça depois de Messi e Deulofeu. Sua posição, mais atrasada do que a dos atacantes, não convida ao risco. O dado reflete seu desconforto para trabalhar a bola e fazê-la circular com fluência.

“Jogou como volante, mas em alguns momentos, quando Andrés [Iniesta] aumentava a pressão, ele se aproximava de Busquets. O gol o ajudou”, insiste Valverde. Seu gol, o 2 a 0, acalmou os ímpetos ofensivos e abriu um cenário diferente, perfeito para Paulinho mostrar ao Barça, a Messi e ao Camp Nou que o seu forte não é dar velocidade à bola, mas encarar o gol adversário com força. “Paulinho é como um Lampard negro, mas também faz gols de cabeça. É um fenômeno!”, definiu Riquelme.

Se Messi foi o grande nome da partida, o brasileiro foi seu parceiro e o ator secundário perfeito: apareceu em quatro dos seis gols do Barça e passou 11 vezes a bola para o camisa 10, mais do que a qualquer outro companheiro. De uma tabela entre Paulinho e Messi nasceu o terceiro gol, o segundo do argentino. “Jogar ao lado de Messi é especial. Ele é o melhor do mundo. É um prazer poder ajudá-lo a construir e conseguir mais coisas”, reconhece Paulinho.

O meio-campista esteve confortável ao lado de Messi. E o argentino parecia sentir-se igualmente à vontade com o seu jogo, algo não tão habitual no Camp Nou. Compreender Messi é uma matéria em que alguns jogadores de futebol não conseguiram ser aprovados quando passaram pelo Barcelona, de modo que a cumplicidade entre ambos se apresenta como outra garantia para Paulinho.

No entanto, seu relacionamento parece ser construído sem a bola. Paulinho serviu Messi em outro dos quatro gols e foi decisivo no de Denis, sem sequer tocar na bola. Deixou-a passar entre as pernas para que chegasse ao argentino e este acelerasse a jogada no gol que Denis arrematou depois do chute do argentino (3 a 0); e tirou da jogada um zagueiro com um deslocamento em diagonal que deixou livre o camisa 10 no 4 a 1. Nada de passes ou combinações, compreensão do espaço e das necessidades de Messi.

Boa recepção

A atuação de Paulinho deslumbrou o Camp Nou. Raramente o estádio dá uma ovação como a que dedicou ao brasileiro depois de 57 minutos divididos em três jogos. “Os gols ajudam para que minha adaptação seja mais rápida”, diz o volante. “Estou muito feliz pelo carinho de todas as pessoas do Barça. A melhor maneira de retribuir é jogar com garra e ajudar.”

Paulinho fez dois gols em dois chutes a gol e seu desempenho começa a dar forma às suas pretensões iniciais: “Sempre na minha vida pensei que os desafios devem ser enfrentados com coragem. Não gosto de falar por falar. Provarei o que tenho de provar no campo. Ajudarei meus companheiros e trabalharei todos os dias. Estou preparado, por isso aceitei vir para cá”.

Até mesmo a Confederação Brasileira de Futebol ironizou no Twitter sobre o nível atual de Paulinho. “Um gol e uma assistência em sua primeira partida como titular do Barça. É ruim? Parabéns, Paulinho.”

Não é fácil jogar no Barça e nem no Camp Nou, mas Paulinho aceita o desafio. Hoje é o parceiro inesperado de Messi.

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