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“Perdemos tudo o que se podia perder”, diz premiê de Dominica após furacão Maria

“Meu teto voou. Estou completamente à mercê do furacão”, diz Roosevelt Skerrit antes de ser resgatado da sua residência oficial

“Os relatos preliminares são de devastação generalizada.” Assim, de forma crua, começa a último postagem no Facebook do primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, anunciando que os 75.000 habitantes desta pequena ilha do Caribe perderam tudo o que poderiam perder, “tudo o que o dinheiro pode comprar e substituir”, depois da passagem do violento furacão Maria.

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A tempestade chegou a Dominica – uma nação independente localizada entre os territórios franceses de Guadalupe, ao norte, e Martinica, ao sul – por volta de 21h15 de segunda-feira (22h15 em Brasília) com ventos de até 260 quilômetros por hora, o que o colocava na categoria 5, a maior da escala Saffir-Simpson, que mede a intensidade dos furacões. Como era de noite, até agora não foi possível quantificar os danos, e Skerrit salientou que seu “maior temor” seria despertar nesta terça “com notícias de graves lesões físicas e possíveis mortes como resultado de deslizamentos de terra provocados pelas chuvas persistentes”.

Initial reports are of widespread devastation. So far we have lost all what money can buy and replace. My greatest fear...

Gepostet von Roosevelt Skerrit am Montag, 18. September 2017

O próprio primeiro-ministro precisou ser resgatado depois que a sua residência oficial sofreu graves danos, conforme relatou em uma dramática postagem anterior. “Meu teto voou. Estou completamente à mercê do furacão. A casa está alagando”, disse, explicando em seguida que havia sido retirado pelos socorristas. “Os ventos varreram os telhados de quase todas as pessoas com as quais conversei. O teto da minha própria residência oficial foi um dos primeiros a sair voando, e isso aparentemente provocou uma avalanche de tetos na cidade e no campo”, acrescenta em seu último comentário.

O primeiro-ministro prometeu que logo ao amanhecer iria mobilizar recursos “em busca de feridos e pessoas presas sob escombros”. Disse também que sua prioridade seria garantir atendimento médico aos feridos por um fenômeno climático que ele descreveu como “alucinante” e “duro, duro, duro”. “Vamos precisar de ajuda, vamos precisar de ajuda de todo tipo”, disse Skerrit. Ele ressalvou que ainda era “muito cedo” para falar sobre a situação dos portos e do aeroporto local, mas admitiu que provavelmente eles passarão vários dias inoperantes. “Por isso, quero solicitar o apoio das nações e organizações amigas com serviços de helicópteros, já que desejo ver e determinar pessoalmente o que é necessário”, conclui ele em sua mensagem.

Outros dominiquenses também relataram nas redes sociais a chegada do Maria, mencionando que árvores e postes de eletricidade foram arrancados do solo em meio a fortes chuvas, ventos inclementes e inundações. Antes de atingir Dominica, o olho do ciclone havia passado 50 km ao norte de Martinica, deixando 33.000 moradias sem luz, mas sem causar danos significativos, segundo o Governo regional.

My roof is gone. I am at the complete mercy of the hurricane. House is flooding.

Gepostet von Roosevelt Skerrit am Montag, 18. September 2017

Nas horas anteriores à passagem do Maria, o primeiro-ministro de Dominica ordenou a retirada dos moradores de zonas litorâneas suscetíveis a alagamentos e não descartou impor um toque de recolher na ilha “caso seja necessário”, informa a agência EFE. Os cidadãos de Dominica lotaram os supermercados, onde muitos bens de primeira necessidade já estavam esgotados, enquanto o aeroportos e os portos locais interrompiam suas atividades.

Apesar de a imprensa local dizer que o Maria foi o pior furacão já visto em Dominica, o primeiro-ministro esclareceu que há 38 anos o ciclone David, também da categoria 5, “destruiu grande parte da natureza da ilha com ventos de mais de 281 quilômetros por hora, causando mais de 2.000 mortes”. Na semana passada, Dominica já sofrera os efeitos do furacão Irma, que assolou grande parte do Caribe e o Estado da Flórida, nos Estados Unidos. Depois de passar por Dominica, o Maria perdeu um pouco de força e foi reduzido à categoria 4, mas logo em seguida voltou à 5. Agora se dirige a Saint Croix (Ilhas Virgens) e Porto Rico com ventos de até 260 quilômetros por hora, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA.

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