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Doria se olha no espelho Macri, o empresário que virou presidente

Prefeito de SP se reúne com mandatário argentino a quem vê como modelo. A jornalistas, diz que não descarta candidatura conjunta com Geraldo Alckmin para 2018

Federico Rivas Molina
João Doria, prefeito de São Paulo, com o presidente argentino Mauricio Macri
João Doria, prefeito de São Paulo, com o presidente argentino Mauricio MacriEFE

João Doria tem um político ideal, um modelo “absolutamente inspirador” chamado Mauricio Macri. O prefeito de São Paulo não economizou elogios e não escondeu sua admiração pelo presidente argentino após uma reunião a portas fechadas na Casa Rosada que durou quase uma hora. É certo que a carreira política de Macri não pode ser mais inspiradora para Doria. O argentino é empresário, milionário, duas vezes prefeito de Buenos Aires e desse cargo se transformou em Presidente. A chegada de Macri ao poder em dezembro de 2015 foi o fim de 12 anos de kirchnerismo, “anos de populismo como foram os do PT no Brasil”, disse Doria durante um encontro com a imprensa. O prefeito não quis definir se será ou não candidato em 2018, uma decisão que tomará depois de fevereiro, mas deixou claro que se algum dia chegar ao Palácio do Planalto se inspirará em Macri, com quem se definiu em absoluta sintonia. “Nossas ideias são absolutamente iguais, sem retoque”, disse.

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O encontro entre Macri e Doria na Casa Rosada não tem precedentes. A regra diz que os prefeitos visitantes se reúnem com os prefeitos locais, e não mais. Por isso Doria viajou a Buenos Aires para se reunir com seu homólogo de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, com quem trocou experiências relacionadas ao transporte urbano. A ida ao gabinete presidencial foi ideia de Rodríguez Larreta, como ele mesmo esclareceu aos jornalistas. “Foi uma questão de cortesia, algo normal quando o prefeito de uma cidade tão importante nos visita”, disse o argentino. “Ele me recebeu muito bem, foi amável e falamos durante quase uma hora sobre assuntos municipais, de privatizações, de como diminuir o Estado, sobre o programa de reforma trabalhista aprovado no Brasil e que Macri desenvolve na Argentina”, resumiu Doria.

O brasileiro definiu Macri como “uma boa referência de liderança na América Latina”, um empresário “modernizador” que, como ele, vem do setor privado e por isso “odeia a burocracia” e teve uma “atitude firme” para combatê-la. Doria esclareceu, entretanto, que não tem intenção de “imitar o programa de construção de imagem de Macri”. Respondeu assim a uma pergunta sobre a eventual contratação para sua campanha do equatoriano Jaime Durán Barba, o guru eleitoral que transformou Macri em presidente. Também não criará um partido próprio como o PRO, que permitiu a Macri não depender dos dois partidos tradicionais argentinos: o peronista e o radical. “Não tenho intenção de fazer vida política fora do meu partido. Sou do PSDB, pretendo permanecer dentro do PSDB", disse.

O esclarecimento foi a resposta a uma pergunta sobre sua relação com seu mentor político, o governador Geraldo Alckmin, na corrida para representar o partido nas próximas eleições presidenciais. Doria disse que ainda não é tempo de falar de candidatura, porque isso seria uma “indelicadeza com o Governador”. “Não tomei decisão nenhuma”, disse, e não descartou que possa até mesmo existir uma candidatura conjunta. Sobre seu outro eventual oponente, o ministro da Economia Henrique Meirelles, reiterou a recomendação que lhe enviou durante a semana: “É bom ministro da Fazenda, com uma posição sensata e firme, e por isso não acharia conveniente que se deixasse contaminar pela corrida eleitoral agora. Embora respeite seu desejo de se candidatar, ele tem direito, mas não deveria manifestá-lo agora, talvez a partir de janeiro. E, nesse caso, ele deverá se desligar do cargo de ministro”.

Sobre o presidente Michel Temer, envolvido na quinta-feira em uma nova denúncia de corrupção feita pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, disse que o caso não parece representar “algo tão novo como para comprometer o presidente”. “É preciso esperar”, disse.

Se Macri é o modelo que inspira Doria, o ex-presidente Lula é o antimodelo. O prefeito disse que a Argentina teve seu Lula em Cristina Kirchner, e que foi Macri quem acabou com o que ele considerou como uma grave crise na Argentina. Sobre Lula, por sua vez, o chamou de “um mentiroso contumaz, uma mente criminosa” que, cedo ou tarde, a justiça brasileira colocará em seu lugar.

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