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“Não atire no furacão”: o alerta de um xerife após uma brincadeira no Facebook

Evento 'Shoot at Hurican Irma' despertou interesse de 55.000 pessoas e preocupou autoridades

Pedestres tenta caminhar em The Batthery enquanto o Irma atinge Charleston, na Carolina do Sul.
Pedestres tenta caminhar em The Batthery enquanto o Irma atinge Charleston, na Carolina do Sul.Mic Smith (AP)
Jaime Rubio Hancock

O gabinete do xerife do condado de Pasco, na Flórida, viu-se na obrigação de publicar um alerta incomum: “Não atire no furacão Irma. Você não conseguirá afastá-lo e provocará efeitos colaterais muito perigosos”. Basicamente, essas balas seguiriam por caminhos pouco previsíveis. A atenção recebida por essa mensagem, compartilhada quase 40.000 vezes, levou-os a publicar um segundo post no Twitter: “A todos que estão aqui por causa dos tiros no furacão. Que tal se vocês retuitassem também isto aqui, para conseguirmos alguns voluntários para os nossos refúgios?”.

O aviso do xerife foi uma resposta a um evento do Facebook chamado Shoot at Hurican Irma (“Atire no furacão Irma”), criado neste domingo. Mais de 55.000 pessoas mostraram interesse pelo evento e outras 29.000 afirmaram ter comparecido a ele. O tal evento era uma brincadeira, e muitos o viram dessa forma, chegando a publicar fotos suas portando armas. Uma pessoa chegou a divulgar um gráfico que explica para onde se deve apontar a arma para que as balas não voltem para trás, e outros perguntavam se isso não seria contraproducente: “Será que ele não ficará mais irritado ainda?”.

“Diga-lhes que morri lutando”.
“Diga-lhes que morri lutando”.
“Não vou ficar sentado esperando. Vou direto ao olho do furacão. Deseje-me sorte”.
“Não vou ficar sentado esperando. Vou direto ao olho do furacão. Deseje-me sorte”.

Segundo informa a BBC, esse não foi o único grupo que adotou o humor para lidar com o furacão: um outro propunha combater os seus efeitos com o uso de ventiladores, outro aconselhava a deslocar a Flórida e um terceiro sugeria a possibilidade de enfrentar o Irma com um lança-chamas

Mas houve quem não tenha visto nenhuma graça nisso tudo, comentando a possibilidade de que “alguém poderia morrer” se levasse o grupo a sério. A tal ponto que o xerife de Pasco, como dissemos, preferiu pecar por excesso de precaução e divulgou o alerta de que tentar frear o furacão a tiros é uma ideia perigosa. Afinal, bastaria que uma só pessoa levasse a coisa a sério para gerar esse risco.

O criador do evento, Ryon Edwards, acabou escreveu na página do evento que tinha aprendido “que 50% do mundo não conseguia entender o sarcasmo, mesmo que isso pudesse salvar suas vidas”. Divulgou também uma mensagem em que alertava seus seguidores para que cuidassem uns dos outros “durante a tempestade e da forma que puderem. Enquanto se publicarem inumeráveis histórias sobre como ‘estimulamos’ as pessoas a atirar no furacão, menos notícias haverá sobre como as pessoas sempre se ajudam nos momentos de necessidade na Flórida.

Já que você está aqui

...O furacão Irma perdeu intensidade e caiu para o nível 1. Dirige-se ao noroeste da Flórida, deixando atrás de si prejuízos ainda não contabilizados.

...As previsões mais precisas sobre o avanço deste e de outros furacões são feitas pela NOAA, sigla em inglês da agência norte-americana que monitora a evolução das condições atmosféricas nos oceanos. Seu trabalho é essencial para que as autoridades em terra possam antecipar movimentações e organizar recursos. Os cortes de orçamento que Donald Trump pretende aprovar atingiriam essa agência: os fundos destinados ao programa de pesquisa oceanográfica diminuiriam em 32% e os do serviço nacional de meteorologia, em 6%.

...Dentre as histórias relacionadas ao furacão Irma, encontramos no Twitter a retransmissão de como um avião driblou a tempestade em sua viagem de Nova York a Porto Rico. O narrador é Jason Rabinowitz, um tuiteiro obcecado em aviação que costuma escrever sobre esse tema na Forbes.

...E por que o nome Irma? Os furacões recebem nomes de pessoas desde meados do século XX. O nome de cada um deles provém de uma relação padronizada que alterna nomes femininos e masculinos. O jornal The New York Times relata a história de um casal de idosos cujos nomes são, justamente, Harvey e Irma.

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