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Na vida real, Irma e Harvey são um doce casal de idosos apaixonados

Estão juntos há 75 anos e nunca viram um furacão ao vivo. “É realmente triste”, dizem

“Harvey tem 104 anos. Irma, 92. Estão casados há 75 anos. Só viram furacões pela TV.” Esse tuíte do The New York Times resume uma das histórias mais ternas da cobertura sobre as tempestades que assolaram o Caribe e o sudeste dos Estados Unidos.

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O senhor e a senhora Schluter se casaram em 1942 em Spokane, Washington (208.000 habitantes). Seu longo romance completou 75 anos em 12 de março passado, quando o jornal local, The Spokesman-Review, publicou uma matéria sobre o casal de idosos e sua importância nessa comunidade do noroeste dos EUA. Ali, durante todos esses anos juntos, eles deram abrigo a cerca de 120 menores (além de ter dois filhos próprios e um adotado). “Quando o casal disse ‘sim’, o presidente era Roosevelt, um carro novo custava 920 dólares (cerca de 2800 reais) e o pugilista Muhammad Ali tinha dois meses [...]”, começava a reportagem do The Spokesman-Review. “O casal jura que essa realização [continuar juntos] não tem nada de especial. ‘Não é difícil’, disse Irma muito séria. ‘De jeito nenhum.’”

Seis meses depois, aquela humilde e simpática nota jornalística local deu a volta ao mundo por uma estranha coincidência: os idosos têm os mesmos nomes da dupla de furacões Harvey e Irma. O Times recuperou ontem a história deles no artigo “Harvey e Irma, casados há 75 anos, perplexos ao ver que as tempestades têm seus nomes.”

Irma explicou ao jornal que está “realmente triste” com as notícias de seus xarás apocalípticos. E se perguntava: “Não sei como terão feito isso, ter um Harvey e uma Irma. Não sei como terão conseguido.”

Os nomes dos furacões são atribuídos desde 1979 pela Organização Meteorológica Mundial. Para os ciclones tropicais do Caribe, do Golfo do México e do Atlântico Norte, a instituição tem seis listas de nomes (alternando masculino e feminino) que vão girando a cada seis meses. Ou seja: a de 2017 se repetirá em 2023. Quando um furacão é especialmente devastador, o nome é removido da lista em respeito às vítimas. Já houve sete furacões Harvey desde 1981 que sempre foram seguidos pelo furacão Irene, até que o Irene de 2011 provocou pelo menos 45 mortes, perdas milionárias e evacuações em massa nas Antilhas, Bahamas, EUA e República Dominicana. Por isso, o nome Irene foi retirado da lista. Provavelmente esse também será o caso de Harvey e Irma em virtude do rastro de destruição que causaram.

Em Spokane, a história de Harvey e Irma é bem diferente. O casal que compartilha o nome com as tempestades só desperta admiração e carinho. Os dois mantêm contato com muitas das pessoas abandonadas que acolheram em sua casa durante o longo casamento. E a barbearia de Harvey, aberta durante 45 anos, chegou a ser uma instituição na cidade. Ele declarou ao jornal local, no entanto, que o que mais lhe deu satisfação na vida foi ter podido dar abrigo aos garotos e tocar banjo.

Residentes no norte da Costa Oeste, Irma e Harvey nunca viram um furacão ao vivo. Não terá sido por falta de tempestades, já que, desde 1953 (ou seja, menos do que a união já durou), mais de 70 nomes de furacão foram retirados da lista devido à sua ferocidade. Entre eles Janet (1955), Flora (1963), Carmen (1974), Hugo (1989), Mitch (1998) e Katrina (2005), para citar um de cada década. Tudo indica que os próximos a sair da lista serão Harvey e Irma.

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