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Grandes empresas pedem a Trump que mantenha proteção aos imigrantes

Presidente anunciará na terça-feira se cancelará política que evita deportação de pessoas sem documentos

Pablo de Llano Neira
Manifestação a favor do programa Daca, nesta sexta-feira em Los Angeles.
Manifestação a favor do programa Daca, nesta sexta-feira em Los Angeles.AFP

Donald Trump anunciará na terça-feira se cancelará ou não o programa Daca, aprovado há cinco anos por Barack Obama para proteger contra a deportação os imigrantes indocumentados que tenham chegado aos EUA quando menores de idade. Cerca de 800.000 jovens enraizados no país, estudantes e trabalhadores, ficariam sujeitos a expulsão. As grandes empresas enviaram carta ao presidente pedindo proteção para os chamados dreamers (sonhadores), que consideram “vitais para o futuro de nossas companhias e nossa economia”.

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O Daca dá permissão renovável de dois anos para a permanência nos Estados Unidos, sem restrições, para continuar a estudar ou trabalhar. Segundo a carta assinada por 400 executivos, a supressão do programa poderia levar à perda de 460,3 bilhões de dólares (quase R$ 1,5 trilhão) no PIB e de 24,6 bilhões de dólares nos sistemas de Seguridade Social e cobertura médica. Entre os signatários estão Mark Zuckerberg, do Facebook, Meg Whitman, da Hewlett-Packard, e Mary Barra, da General Motors.

“[Os dreamers] são uma das razões pelas quais continuamos a ter uma vantagem competitiva global”, afirmam. Quando candidato, Trump disse que eliminaria o programa, coerentemente com sua campanha populista baseada na promessa de mão pesada em relação à imigração irregular. Só que, agora presidente –tendo o poder para liquidar o Daca a partir do momento em que pisou no Salão Oval– não se decidiu a tomar essa medida e até se mostrou inclinado a conservar o programa, como fez nesta sexta-feira, exclamando diante da imprensa: “Amamosos dreamers. Amamos todo mundo”.

Membros de sua família política, o Partido Republicano, pediram a Trump que respeite o Daca. Paul Ryan, porta-voz da Câmara, recomendou que o Congresso “ajeite” a continuidade do programa, defendido também por importantes senadores republicanos como Orrin G. Hatch (Utah) e Jeff Flake (Arizona). Mas dentro do campo republicano existem forças nacionalistas que pressionam Trump para que feche as portas aos dreamers. Uma das vozes mais poderosas contra o programa é o secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions. E dez secretários de Estados republicanos enviaram uma carta ao presidente nesta quinta-feira insistindo para que cancele o Daca –estabelecendo como data limite 5 de setembro, dia em que o mandatário se pronunciará– e avisando-o que se não o fizer levarão aos tribunais o programa. Consideram que as garantias oferecidas aos dreamers são inconstitucionais.

Organizações civis dos Estados Unidos como um todo mantêm grande atividade em defesa do programa. Eliminá-lo por completo seria uma decisão impopular –sujeitar à deportação a infinidade de jovens na prática tão norte-americanos e integrados como os nativos– e poderia pôr Trump frente a um cenário de intensa rejeição pelos cidadãos e de maior queda de seu baixo –37%– índice de aprovação.

Fora os cerca de 800.000 atuais beneficiários do Daca,1.8 milhão de indocumentados a mais poderão ser acolhido sem curto ou médio prazo pelo programa se Trump não o cortar; um milhão deles têm no momento entre 15 e 30 anos. Os Estados com mais dreamers –contando os já incluídos no Daca– são a Califórnia (539.000), o Texas (298.000), a Flórida (106.000), Nova York (88.000) e Ilinóis (83.000). S

ete de cada dez potenciais novos beneficiários são de origem mexicana. O futuro dos dreamers depende do oscilante humor de Donald Trump. Caso queira mostrar sensibilidade política, preservará –ainda que com restrições– o Daca. Mas se quiser reforçar seu perfil duro –o do chicote xenófobo que prometeu deportar dos Estados Unidos seus 11 milhões de indocumentados e que quer veementemente murar a fronteira– o fulminará.

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