_
_
_
_
_

Barcelona protesta contra o terror entre vaias ao Rei da Espanha e gritos de separatistas

Sob o lema ‘Não tenho medo’, milhares de pessoas, entra elas o monarca, participaram de manifestação neste sábado

Cristian Segura
Sob o lema ‘Não tenho medo’, milhares marcharam em Barcelona neste sábado.
Sob o lema ‘Não tenho medo’, milhares marcharam em Barcelona neste sábado.MASSIMILIANO MINOCRI

Os catalães saíram na tarde deste sábado às ruas em Barcelona para enfrentar o terror. Dezenas de milhares de pessoas –meio milhão, segundo a Guarda Urbana– ocuparam o Paseo de Gracia para exibir seu rechaço à violência ocorrida na semana passada em La Rambla e em Cambrils.O emblema mais comum entre os participantes eram os cartazes distribuídos pela Prefeitura com o lema "No tinc por" ["não tenho medo”] e camisetas azuis que as pessoas traziam de casa. O azul foi escolhido como a cor para tingir a mobilização porque simboliza o caminho dos refugiados do Mediterrâneo para a Europa.

Mais informações
Deixaremos que o terror domine debate sobre segurança e turismo em Barcelona?
Terrorista ferido pede “perdão” e se diz “arrependido” ante o juiz
Como foram preparados os atentados da Catalunha

A marcha foi marcada também pelos constantes apitos e vaias contra o rei Felipe VI e o presidente do Governo (primeiro-ministro), Mariano Rajoy. Também teve destaque uma significativa presença de esteladas (a bandeira separatista catalã, ornada com uma estrela branca no fundo azul) e cartazes que vinculavam o Governo e a coroa com a venda de armas ao Oriente Médio.

Os lemas dos cartazes mais vistos durante o percurso, distribuídos por entidades independentistas e da esquerda alternativa, incluíam mensagens como “Felipe, quem quer a paz não trafica armas”, “Mariano [Rajoy], queremos paz, e não vender armas” e “As suas políticas, os nossos mortos”. Boa parte dos setores mais críticos à presença do chefe de Estado procedia de uma concentração paralela que o partido CUP (Candidatura de Unidade Popular) e uma centena de grupos da esquerda alternativa convocaram para as quatro da tarde, duas horas antes do início da manifestação oficial.

A chegada dos representantes do Executivo espanhol na manifestação foi recebida com sonoros apitos e gritos em favor da independência. Os assovios contra o Rei e Rajoy se repetiam toda vez que as telas gigantes ao longo do Paseo de Gracia mostravam sua imagem.

Héctor Fernández, um barcelonês que participou do protesto com a mulher e filha, se esgoelava aos gritos contra o Rei. Justifica seu rechaço porque “o Rei não pode vir a uma manifestação pacifista e vender armas à Arábia Saudita”. Fernández acrescentou, repetindo informações aparecidas em meios digitais independentistas, que “o Governo espanhol ocultou informações sobre os terroristas dos Mossos d’Esquadra (a polícia regional catalã) e não permite que estes sejam reforçados”.

A Assembleia Nacional Catalã (ANC) havia feito um chamado à participação na manifestação com esteladas marcadas com um pano negro para protestar pela presença de Felipe VI. Apesar disso, a grande maioria dos participantes optou por não levar bandeiras de nenhum tipo. A prefeita de Barcelona, Ada Colau, teve que lembrar na sexta-feira que o dia não era para manifestar-se com bandeiras nacionais.

A Associação de Floristas de Barcelona distribuiu em vários pontos ao longo do Paseo rosas vermelhas, amarelas e brancas, as três cores da bandeira de Barcelona. Os voluntários do Òmnium Cultural foram os encarregados de entregá-las.

A população compareceu gradualmente, desde a primeira hora da tarde, ao ponto de início da marcha, na confluência entre o Paseo de Gracia e a Avenida Diagonal. Famílias, casais, avós acompanhados dos netos e estrangeiros quiseram tomar parte no ato de repulsa ao terrorismo. Mas a multidão e as cifras apresentadas pela polícia municipal ficaram muito distantes das aglomerações das diadas independentistas (manifestações no Dia da Catalunha) nos últimos anos.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_