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Testemunha que ligou à Emergência: “Terrorista assoviou para pedir ajuda”

Morador relata que Abouyaaqoub foi a uma casa onde, até um ano atrás, vivia uma família marroquina

Jesús García Bueno
Policiais em Subirats, onde foi encontrado o autor do atentado de Barcelona
Policiais em Subirats, onde foi encontrado o autor do atentado de BarcelonaMassimiliano Minocri (EL PAÍS)

Younes Abouyaaqoub, o terrorista da Rambla, procurou em vão a ajuda de algum conhecido minutos antes de ser morto pelos Mossos d'Esquadra. A informação vem de Agustín A., um morador de Subirats que ligou ao telefone de Emergências 112 para alertar sobre a presença de um indivíduo suspeito. Sua ligação e os dados que forneceu à investigação indicam a possibilidade de que Abouyaaqoub procurou abrigo e ajuda em uma casa em que, até um ano atrás, vivia uma família marroquina.

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Agustín mora em uma das cinco casas geminadas próximas ao local em que Abouyaaqoub foi morto, em uma região de vinhedos de Subirats, a 50 quilômetros de Barcelona. “É uma área isolada”, explica. Até um ano atrás, em uma dessas casas vivia uma família marroquina formada por um homem, sua mulher e uma filha de três anos. “Desapareceram de repente. Não sei nada porque, principalmente o homem, nunca falavam com ninguém”.

O novo proprietária da casa é um argentino que, pouco antes das 16h (11h de Brasília) de segunda-feira, escutou como um jovem assoviava do quintal da parte de trás da casa. Quando ele apareceu na janela para verificar quem era, o jovem – que era o autor do massacre da Rambla – “foi embora” como contrariado por não ter encontrado a pessoa que buscava.

O argentino explicou tudo isso a Agustín, que com essa informação ligou ao 112. “Ele escutou como o jovem assoviava para chamar a atenção, para pedir ajuda. E deu de cara com ele. Quando veio me explicar, estava morto de medo. E decidi ligar à polícia”, explica Agustín, que é caçador. “Eu não vi nada, mas liguei e lhes expliquei detalhadamente o que meu vizinho viu. Era um jovem de calças escuras, camisa azul marinho e tênis negro com solado branco”. É o mesmo tênis com o qual Abouyaaqoub aparece nas imagens captadas pelas câmeras de segurança e divulgadas pelos Mossos d’Esquadra. O vizinho, acrescenta, lhe explicou que o jovem “parecia drogado ou bêbado”.

“Poucos minutos depois, vimos como muitos carros policiais que foram ao local começaram a circular pela estrada”, acrescenta Agustín, satisfeito pela morte do terrorista. Antes de sua ligação, outras duas colocaram a polícia na pista de Abouyaaqoub: a de uma mulher, especialista em fisionomia, que disse tê-lo reconhecido sem nenhuma dúvida; e a de três policiais que também acreditaram ter visto o suspeito na área e ativaram um dispositivo de busca.

Dois agentes de segurança da vizinha Vilafranca o encontraram, por fim, agachado em uma área de vinhedos. O jovem de 22 anos abriu a camisa e exibiu um cinturão de explosivos. Gritando “Alá é grande!” em árabe, se aproximou deles. Por via das dúvidas – o cinturão era falso – os policiais abriram fogo e o terrorista morreu na hora. A análise das impressões digitais confirmou, sem nenhuma dúvida, sua identidade.

Agustín deu aos Mossos detalhes sobre a família marroquina instalada nessa casa, e que supostamente foi procurada por Abouyaaqoub em busca de ajuda após quatro dias de fuga que, agora, a polícia tenta reconstituir. O caçador permaneceu ao lado dos policiais que bateram os arredores onde morreu o terrorista até a noite. Apesar dos investigadores darem por desarticulada a célula autora do atentado (formada por 12 pessoas), não descartam que possuíssem uma rede de colaboradores e de pessoas que lhes ofereceram apoio logístico.

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