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A explosão repentina que impediu atentados a bomba em Barcelona

Casa em Alcanar, na Catalunha, era o local onde terroristas preparavam explosivos para outros atentados

Estado em que ficou a casa de Alcanar
Estado em que ficou a casa de AlcanarJaume Sellart (EFE)

O grupo terrorista que nesta quinta-feira causou a morte de 14 pessoas em Barcelona e Cambrils (Tarragona) preparava havia meses um grande atentado com artefatos explosivos. Seus planos se frustraram pela explosão fortuita de botijões de gás butano em uma casa de Alcanar (Tarragona) que usavam para planejar os atentados, segundo a investigação. A célula – integrada por uma dúzia de pessoas, na maioria, jovens – mudou então de planos de forma precipitada e cometeu o atropelamento em massa em La Rambla, que deixou 13 mortos e 88 feridos. Mais tarde, tentou outro ataque em Cambrils, onde uma mulher foi apunhalada e faleceu nesta sexta-feira. Cinco terroristas foram abatidos ali.A polícia catalã buscava nesta quinta-feira Younes Abouyaaqoub, 22 anos, e vizinho de Ripoll, como suspeito de conduzir o furgão.

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“A explosão de Alcanar fez com que já não contassem com o material necessário para preparar atentados de maior alcance em Barcelona”, explicou nesta sexta-feira o delegado-chefe dos Mossos d’Esquadra (polícia regional catalã), Josep Lluís Trapero, sobre um episódio-chave na investigação.

Às 23h17 da quarta-feira, véspera do atentado, houve uma explosão em uma casa de Alcanar com uma vintena de botijões de gás butano e propano. A edificação ruiu, houve um morto e sete feridos. Os Mossos trabalham na zona e nesta sexta-feira acharam traços de TATP, um explosivo utilizado de modo habitual pelo Estado Islâmico. Também localizaram uma centena de botijões de gás butano.

Trapero declarou nesta sexta-feira que a intenção do grupo ia além de causar o pânico com um atropelamento em massa: buscavam um massacre com bombas. “Provavelmente estavam procurando outro tipo de atentado”, resumiu. Mas o revés com os botijões de butano os levou a improvisar e a agir “de modo mais rudimentar”. Os terroristas decidiram se lançar com uma van contra a multidão na emblemática Rambla, um lugar de passagem de turistas no coração de Barcelona. Mais tarde, e embora não se saiba se era seu destino final, tentaram repetir o atentado no passeio marítimo de Cambrils, uma localidade turística de Tarragona. No primeiro caso, uma van atropelou dezenas de pessoas (com o saldo de 13 mortos e 88 feridos de até 35 nacionalidades) e, no segundo, ferimentos em seis pessoas. Uma delas é a mulher apunhalada, que morreu nesta sexta-feira.

Apenas 24 horas depois dos ataques, os Mossos dispõem de uma linha de investigação clara, embora persistam algumas incógnitas. Trapero confirmou que, por ora, os Mossos detiveram quatro homens. O primeiro foi preso pouco depois dos atentados em Ripoli e está ligado ao aluguel da van usada no atropelamento em massa em Barcelona. O segundo foi detido à noite em Alcanar e é uma das pessoas que ficaram feridas (com gravidade) na explosão fortuita. Faz parte, supostamente, do grupo que preparou os atentados com base nessa localidade. A operação policial se concentrou nesta sexta-feira em Ripoli, onde houve revistas e outros dois presos.

Além dos quatro detidos, há outros cinco terroristas mortos. Todos eles foram abatidos no segundo ataque efetuado pelos terroristas em Cambrils. Um deles, segundo fontes policiais, é Moussa Oukabir, 17 anos, que durante a tarde desta sexta-feira foi o principal suspeito de ser o autor material do ataque. Contudo, Trampero disse durante a noite que essa hipótese perdeu peso e, segundo fontes policiais, as buscar por Abouyaaqoub foram iniciadas.

Um mesmo a gente dos Mossos matou quatro dos terroristas que, dirigindo um Audi A3 de cor preta, tentaram atropelar as pessoas que se encontravam jantando e caminhando pelo passeio marítimo, junto ao clube náutico de Cambrils. O quinto terrorista foi atingido pelas armas dos Mossos quando atacava, com uma faca, uma mulher que acabou morrendo. Todos eles levavam cinturões explosivos falsos. No carro, os agentes encontraram uma machado e facas.

As vans, pistas-chave

Entre as pistas-chave da investigação estão as vans alugadas pelo grupo terrorista para cometer os ataques. Um dos veículos foi usado no atropelamento de Barcelona. O condutor a abandonou em plena Rambla, na altura do Liceu, e começou a fugir. Trapero disse que, até o momento, não identificaram o motorista.

As outras duas vans são a de Cambrils e uma terceira que apareceu em Vic, apesar de os Mossos não terem podido esclarecer por ora para que os terroristas a queriam. Uma hipótese é que poderia servir para transportar os artefatos explosivos no atentado que previam cometer em Barcelona. “Estes veículos alugados conectam os incidentes e os cenários”, disse Trapero.

Os Mossos inserem os acontecimentos de Barcelona, Cambrils e Alcanar em um único propósito terrorista. “São distintos cenários com as mesmas pessoas. Alguns deles estamos localizando em diferentes lugares”, explicou o delegado-chefe. A investigação se concentra em completar a identificação das pessoas que se moviam em torno da residência de Alcanar. Dos cinco terroristas mortos em Cambrils, apenas dois foram identificados até agora.

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