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Para evitar isolamento, Maduro convida América Latina a debater seu regime

Presidente da Venezuela espera que nova reunião de cúpula marque a reunificação dos países da região

Nicolás Maduro antes da sessão na Constituinte
Nicolás Maduro antes da sessão na ConstituinteCARLOS GARCIA RAWLINS (REUTERS)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, compareceu pela primeira vez à Assembleia Nacional Constituinte – o novo Parlamento concebido sob medida para ele e eleito há 10 dias numa polêmica votação – para propor uma reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) cuja única pauta seria “a restituição das normas do respeito internacional” e “o diálogo sobre a verdade da Venezuela”.

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Maduro parece ter se ressentido dos resultados da recente cúpula de chanceleres da América Latina em Lima, que ameaçou isolar a Venezuela na região. “Lá falaram em bloqueio, que ninguém empreste um só dólar à Venezuela”, denunciou. As comparações com a Cuba de Fidel Castro foram inevitáveis no discurso.

O regime venezuelano espera que uma nova reunião de cúpula marque a reunificação da América Latina e Caribe. A próxima reunião dessa instância, que ao contrário da OEA não inclui os Estados Unidos nem o Canadá, ocorrerá em outubro em El Salvador. O Governo desse país, presidido pelo esquerdista Salvador Sánchez Cerén, é um dos poucos países da região que mantêm seu apoio ao regime bolivariano, numa atitude condenada pelos países mais influentes da comunidade internacional.

“Não vejo razão para que se neguem [a participar do encontro]. Ficam o tempo todo falando da Venezuela. Querem falar da Venezuela? Falem comigo, então. Se tivermos que passar dois dias trancados falando de igual para igual, falaremos e procuraremos recompor as relações da América Latina e Caribe. Façamos uma agenda comum, com os temas que unem a região”, propôs o mandatário venezuelano durante um breve discurso transmitido em rede nacional de rádio e TV.

Maduro também pareceu dar por encerrada a mediação do ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero no conflito venezuelano, porque pretende que a Celac “acompanhe a Venezuela nos caminhos do diálogo constituinte e com os fatores políticos do país”. A relação de Zapatero com o regime não terminou muito bem depois da sua última visita. As autoridades venezuelanas criticaram o comunicado em que o ex-premiê socialista exige um gesto do Governo para retomar a negociação política com a oposição.

Um a um, Maduro foi citando os presidentes que foram mais críticos com os rumos autoritários do seu Governo – Juan Manuel Santos (Colômbia), Enrique Peña Nieto (México), Pedro Pablo Kuczynski (Peru) e Mauricio Macri (Argentina) – para que aceitem seu convite. "Restituamos o respeito e a fraternidade entre os modelos políticos e econômicos”,acrescentou. Com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi ainda mais crítico, apesar de ter solicitado ao chanceler Jorge Arreaza que conseguisse uma conversa telefônica com o mandatário republicano e de ter insistido na ideia de manter relações harmônicas com Washington apesar das divergências políticas.

Lei antiescracho

Durante o ato, Maduro entregou à presidenta da ANC, Delcy Rodriguez, um projeto de lei contra o ódio, a intolerância e a violência. O governante propõe penas de 15 a 25 anos de prisão para quem “expressar ódio” durante protestos.

A proposta é uma maneira de deter os escrachos que atingem a alta hierarquia chavista nas ruas. O mais recente alvo das reclamações foi a chefe do Conselho Nacional Eleitoral, Socorro Hernández. Maduro disse que a pessoa que insultou a funcionária num supermercado está sendo procurada pela polícia.

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