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Oposicionistas Leopoldo López e Antonio Ledezma voltam a ser presos na Venezuela

Esposa de López, Lilian Tintori diz que responsabilizará Maduro “se algo acontecer” a seu marido

Francesco Manetto
Leopoldo López durante uma manifestação
Leopoldo López durante uma manifestaçãoAP

Leopoldo López e Antonio Ledezma voltaram a ser detidos na madrugada desta terça-feira pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) da Venezuela, segundo familiares e correligionários dos dois dirigentes da oposição. Eles se encontravam sob prisão domiciliar. Lilian Tintori, esposa de López, ex-prefeito do município de Chacao, que é parte de Caracas, comunicou pelo Twitter que alguns agentes “acabam de levar Leopoldo de casa”, para onde havia voltado em 8 de julho. “Não sabemos onde está nem aonde o estão levando. [O presidente Nicolás] Maduro é responsável se algo lhe acontecer”, afirmou. “O Sebin acaba de levar o prefeito Ledezma”, anunciou, por sua vez, o deputado Richard Blanco, do bloco oposicionista Mesa de Unidade Democrática (MUD). 

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O Supremo Tribunal da Venezuela disse nesta terça-feira, sem apresentar provas, que os oposicionistas foram presos novamente porque estavam planejando fugir.

As detenções ocorrem 24 horas depois da eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro e rejeitada pelas forças de oposição, que não apresentaram candidatos. Com essa eleição, o Governo venezuelano pretende desmantelar o atual Parlamento, controlado por uma maioria crítica ao chavismo, e constituir uma nova Câmara. Ao final da jornada eleitoral, que teve a participação de apenas 41% do eleitorado, segundo dados oficiais, Maduro ameaçou suspender o foro privilegiado dos parlamentares e reestruturar o Ministério Público. Durante a campanha, ele já havia advertido que estas eleições seriam para o chavismo uma oportunidade de ajustar “todas as contas”.

A Justiça venezuelana concedeu há três semanas o benefício da prisão domiciliar a Leopoldo López, que havia passado três anos e meio numa penitenciária de Caracas. A decisão foi tomada após uma prolongada mediação liderada pelo ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e pelos ex-presidentes Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá). Zapatero manteve nos últimos meses três reuniões com López na penitenciária de Ramo Verde. Em duas ocasiões foi acompanhado pela ex-chanceler Delcy Rodríguez, e em uma por seu irmão Jorge Rodríguez, prefeito do município Libertador, também em Caracas, duas figuras proeminentes do regime chavista. A possibilidade de aplicar a prisão domiciliar foi reavivada no começo de abril, depois que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela decidiu cassar as atribuições do Parlamento.

Maduro procurava então um balão de oxigênio contra a crescente pressão social. Agora, após uma votação marcada pela violência – houve uma dúzia de mortos desde a noite de sábado –, o chavismo parece optar por impor sua autoridade. Enquanto isso, as forças da oposição e seus dirigentes, que nesta segunda-feira rebaixaram a tensão dos protestos, promete resistir e assegura que o Parlamento eleito em 2015 continuará funcionando. Os últimos esforços de diálogo fracassaram, e o próprio Maduro atacou Zapatero depois que este pediu, às vésperas da votação, “novos gestos” do Governo para reativar o caminho do entendimento. “Ele emitiu um comunicado de forma intempestiva, não consultou o Governo soberano da Venezuela sobre o comunicado que emitiu, informando de assuntos que até o dia de hoje tínhamos considerado necessário manter em sigilo”, disse o sucessor de Hugo Chávez.

Ledezma, ex-prefeito do município Libertador, que é parte de Caracas, foi detido em fevereiro de 2015 e permaneceu quatro meses na prisão até que, em maio deste ano, passou ao regime domiciliar. O Governo acusa os dois dirigentes oposicionistas de instigarem protestos violentos. Leopoldo López foi detido em 2014 por encabeçar as mobilizações que resultaram nos distúrbios do primeiro semestre daquele ano. Já Ledezma foi imputado com delitos “contra a paz, a segurança e a Constituição”.

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