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Linda Wenzel, a adolescente que viajou da Alemanha a Mossul para lutar com o Estado Islâmico

A garota, de 16 anos, foi presa pela polícia iraquiana com três compatriotas que as autoridades ainda não identificaram

Linda Wenzel, rodeada de soldados iraquianos, após sua detenção.
Linda Wenzel, rodeada de soldados iraquianos, após sua detenção.YouTube

O misterioso desaparecimento de Linda Wenzel, uma jovem de 16 anos que morava em Pulsnitz, um povoado alemão idílico no Estado da Saxônia, e que tinha fugido da casa da mãe há um ano para unir-se ao Estado Islâmico, ficou resolvido. Neste sábado, a Procuradoria de Dresden confirmou que a menina foi presa na quinta-feira em Mossul com outras três jovens alemãs pelo Exército iraquiano, que conquistou a cidade depois de nove meses de batalha.

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Lorenz Haase, porta-voz da Procuradoria de Dresden, confirmou em um breve comunicado que a adolescente de 16 anos, citada pela Justiça como Linda W., em função das leis de privacidade vigentes na Alemanha, tinha sido identificada e que estava recebendo ajuda consular da Embaixada alemã em Bagdá, capital iraquiana. Mas Haase não confirmou as informações de que a jovem teria combatido nas fileiras do EI.

A prisão de Linda Wenzel inundou as redes sociais, que mostravam uma garota desalinhada e tímida na presença dos soldados iraquianos. As primeiras informações que chegaram à Alemanha afirmavam que a jovem teria sido presa em um túnel localizado na cidade velha de Mossul, onde também foram encontradas armas e cintos suicidas. As jovens faziam parte de um grupo de cerca de 20 mulheres combatentes, a maioria estrangeiras.

As fotos mostram a jovem com o rosto pálido e coberto de pó e com um lenço de várias cores cobrindo seu pescoço. As suspeitas sobre a identidade da jovem surgiram quando seus captores descobriram que a combatente do EI não falava árabe.

Segundo informações da revista Der Spiegel, a jovem está atualmente presa em uma penitenciária de alta segurança localizada nas proximidades do aeroporto de Badgá, onde foi visitada por diplomatas alemães. Apesar de a combatente ter sido identificada, as autoridades alemãs evitaram oferecer mais informações sobre a prisão de Linda e das outras três jovens alemãs, uma delas de origem marroquina e uma terceira originariamente russa, da Chechênia, mas que tinha passaporte alemão.

Captura de um vídeo que mostra a detenção de Wenzel.
Captura de um vídeo que mostra a detenção de Wenzel.YouTube

Linda Wenzel, que foi reportada como desaparecida há um ano, vivia com sua mãe, Katharina, e seu padrasto, Thomas, em uma casa de três andares na localidade de Pulsnitz (8.000 habitantes). A jovem cresceu em uma família protestante e até seu desaparecimento não havia demonstrado qualquer interesse pela religião. Mas na primavera de 2016 disse a seus pais que estava interessada nos ensinamentos do Corão.

Segundo informações da imprensa alemã a partir de depoimentos dos amigos da jovem, Linda se converteu ao Islã no início de 2016, começou a estudar árabe e tinha se apaixonado por um jovem muçulmano de origem chechena, que conheceu na Internet e que a teria convencido a mudar-se para a Síria. Linda desapareceu em julho de 2016, depois de dizer aos pais que passaria o fim de semana na casa de um amigo.

"Nossas informações terminam com a chegada da jovem a Istambul", disse o porta-voz da Procuradoria. Mas a imprensa alemã conseguiu reconstruir a odisseia da jovem. Depois de chegar a Istambul, Linda se dirigiu à fronteira da Síria, onde foi recolhida por combatentes do EI, que a levaram finalmente a Mossul. Segundo a revista Der Spiegel, Linda se casou com um combatente checheno.

Linda Wenzel, rodeada de soldados iraquianas.
Linda Wenzel, rodeada de soldados iraquianas.YouTube

O futuro de Linda e das três outras jovens alemãs que foram detidas em Mossul é incerto. As quatro jovens decidiram viajar voluntariamente para Mossul e se casaram com combatentes do EI, uma realidade que pode lhes garantir pena de morte no Iraque. Se os diplomatas alemães tiverem sorte e conseguirem obter a extradição das jovens, serão acusadas pela Justiça alemã de pertencer a uma organização terrorista, um delito punido com vários anos de prisão.

A prisão de Linda Wenzel deixou novamente às claras um problema que tinha desaparecido das primeiras páginas da imprensa alemã. Nos últimos anos, centenas de alemães, inclusive menores, abandonaram o país para se unir às fileiras do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Segundo o Der Spiegel, pelo menos 200 mulheres resolveram se unir aos fanáticos combatentes jihadistas.

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