_
_
_
_
_

Denúncia contra Temer pode prejudicar a nota de crédito do Brasil, diz Moody’s

Denúncia de envolvimento com corrupção enfraquece o Governo e dificulta aprovação da reforma da Previdência

Marina Rossi

A denúncia de envolvimento com corrupção contra o presidente Michel Temer, feita pela Procuradoria-geral da República no último dia 27, pode prejudicar a nota de crédito do Brasil, diz a Moody's. Segundo a agência de classificação de risco, a acusação que cai sobre o presidente o deixa mais enfraquecido para negociar a votação da reforma da Previdência, ameaçando assim a confiança dos empresários para investir no Brasil.

O presidente Michel Temer no último dia 29 em Brasília.
O presidente Michel Temer no último dia 29 em Brasília.EVARISTO SA (AFP)
Mais informações
A rebelião tucana contra Temer quer minar a reforma da Previdência
Dívida pública em alta faz Moody's tirar selo de ‘bom pagador’ do Brasil
Promessa sobre 2018, ajuda a Aécio e reformas: as razões do PSDB para ficar com Temer

A nota de crédito é uma espécie de selo de bom pagador que classifica o quanto um país pode ser atraente para os investidores. Atualmente, o Brasil está classificado como Ba2 negativo, nota recebida em maio. Até então, estava como Ba2 estável. Quanto mais alta a nota, maior a confiança.

A turbulência política reduz as habilidades do Governo de negociar a votação da reforma da Previdência na Câmara, diz a agência. Segundo a análise divulgada nesta segunda-feira, isso pode fazer com que a votação, originalmente marcada para o mês de julho, não aconteça antes de agosto ou até mesmo setembro, "no melhor dos cenários", diz a Moody's. "Embora esperamos que a presidência do senhor Temer sobreviva, a formalização das acusações cria uma turbulência política adicional, que reduz a capacidade de sua administração de conquistar a aprovação do Congresso de uma reforma abrangente da Previdência, o que pesa sobre as perspectivas fiscais e econômicas do Brasil".

De acordo com a análise da agência, se a reforma da Previdência não for votada ainda neste ano, dificilmente passará no ano que vem, já que trata-se de um ano de eleições e alguns pontos do texto, como o aumento da idade para aposentadoria, são negativos para o eleitor. "A aprovação em um momento oportuno de um projeto abrangente de reforma da Previdência é um dos principais impulsionadores de crédito do Brasil", dizem as analistas Anna Snnyder e Samar Maziad.

"Com o destino do Sr. Temer pendurado e menor probabilidade de aprovação da reforma da Previdência, é improvável que a confiança dos consumidores e investidores melhore, ameaçando uma recente macroeconômica positiva", diz a nota. A agência aponta a alta de 1% do PIB no último trimestre, depois de oito quedas trimestrais consecutivas, como prova dessa recente sinalização positiva da economia.

A reforma da Previdência foi aprovada no início de maio na Comissão especial criada para discutir o tema na Câmara dos Deputados. Depois disso, o texto foi encaminhado para o plenário, mas nunca foi colocado em votação. As delações dos executivos e empresários da JBS tomaram a agenda de negociações políticas do Governo nos últimos meses. E com o recesso parlamentar marcado para ocorrer oficialmente entre 18 e 31 de julho, não há previsão de quando a votação da reforma da Previdência entrará na pauta do plenário.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_