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Torneio de Wimbledon: 140 anos de tradição com o melhor tênis

A grama do prestigioso circuito profissional de tênis recebe os melhores jogadores do mundo

Torneio de Wimbledon.
Torneio de Wimbledon.ADRIAN DENNIS (AFP)

Começa em Londres a 131ª edição do Torneio de Wimbledon, nesta segunda-feira, 3 de julho, o mais antigo e também o mais prestigioso e peculiar do circuito profissional de tênis. Esta edição marca o 140º aniversário do evento, que começou a ser disputado em 1877, mas sofreu duas interrupções nos períodos entre 1915 e 1918 e entre 1940 e 1945, devido às duas Guerras Mundiais que assolaram a Europa.

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O torneio de Wimbledon é organizado desde a primeira edição pelo All England Tennis and Croquet Club, uma instituição sem fins lucrativos que reúne apenas 375 sócios plenos. O All England Club, como é mais conhecido, destina todos os lucros do torneio à Federação Britânica de Tênis (Lawn Tennis Association) para que promova o desenvolvimento do esporte da raquete no Reino Unido.

Wimbledon é o terceiro torneio do Grand Slam a ser disputado a cada temporada, sendo precedido pelo Aberto da Austrália e por Roland Garros (Paris), e seguido pelo Aberto dos Estados Unidos. É a única competição dessa relevância a ser disputada em quadras de grama. A vegetação hoje usada em Wimbledon, chamada Perennial Ryegrass, foi semeada pela primeira vez em 2002 e diariamente é podada a uma altura de oito milímetros.

A duração do campeonato é de duas semanas, mas ele pode se prolongar em caso de chuva. São disputados torneios simultâneos individuais masculinos e femininos, e de duplas masculinas, femininas e mistas. Além disso, há também torneios juvenis individuais masculinos, femininos e de duplas, e competições com convites especiais para jogadores veteranos – duplas masculinas para maiores de 35 anos e para maiores de 45, e duplas femininas para jogadoras com mais de 35.

As atenções se voltam principalmente para a chamada Quadra Central, que recebe, entre outros, todos os jogos finais. Por causa do caráter imprevisível do clima londrino, os organizadores construíram um novo teto retrátil em 2009, razão pela qual não há mais suspensão de jogos na quadra central por causa de chuvas.

O torneio começa na segunda-feira, seis semanas antes da primeira segunda-feira de agosto, e termina quinze dias depois. Tradicionalmente não se joga no ‘middle Sunday’ (o domingo do meio), e em apenas quatro vezes na história – sendo a última em 2016 – o mau tempo na primeira semana obrigou à realização de partidas nesse dia. Durante a primeira semana, são disputadas as rodadas preliminares, e na segunda é a vez das oitavas, quartas, semis e finais de todas as categorias.

As cores verde-escuro e roxa tradicionalmente identificam o torneio de Wimbledon, o único que exige uma vestimenta específica – tanto homens quanto mulheres precisam entrar em quadra quase 100% vestidos de branco. Durante os jogos, as tenistas são sempre chamadas de “miss” ou “mrs.” (senhorita ou senhora), ao passo que os homens são identificados apenas pelo sobrenome.

Nos torneios individuais, o ganhador masculino recebe um troféu de prata, enquanto a ganhadora da disputa feminina fica com uma bandeja do mesmo metal, chamada Rosewater Dish ou Venus Rosewater Dish.

Mas Wimbledon, apesar de seus 140 anos de existência, concilia tradição com inovação. Continua sendo caracterizado pelas quadras de grama, pelo consumo de morangos com champanhe, pelo velho placar luminoso em cada quadra, pela peculiar mistura de público – aristocratas, nobres e plebeus –, pelo branco impoluto dos uniformes dos jogadores e, neste ano, certamente também por conversas a respeito do Brexit.

Por todos estes motivos, o Torneio de Wimbledon é um monumento vivo do esporte mundial em geral e do tênis em particular, e por isso o Google o homenageia hoje com um Doodle que destaca os 140 anos desde a sua primeira edição, a peculiaridade da superfície de grama e o seu famoso falcão Rufus, outro elemento famoso da organização, encarregado de manter as pombas afastadas das quadras.

A primeira edição do torneio, em 1877, foi disputada apenas na categoria individual masculina e com 22 jogadores, todos eles amadores britânicos. Em 1884, foi introduzida a categoria individual feminina e as duplas masculinas. Em 1913, as duplas femininas e mistas.

Três atletas compartilham o altar no templo do tênis mundial, com sete vitórias em Wimbledon cada um. William Renshaw, Pete Sampras e Roger Federer, sendo este último, aliás, o que mais finais disputou no torneio (dez).

Em número de vitórias, reina sozinho Jimmy Connors, que, em 21 participações, obteve 84 vitórias. Federer vem logo atrás, com 79. Connors é também o jogador que mais jogos disputou em Wimbledon (102).

Wimbledon também registra em sua história algumas sequencias impressionantes. William Renshaw dominou o torneio entre 1881 e 1886, vencendo seis edições consecutivas. Com cinco triunfos consecutivos estão Laurence Doherty (1902-1906), Bjorn Borg (1976-1980) e Roger Federer (2003-2007). O suíço também é dono do recorde de participação em finais consecutivas, com sete, de 2003 a 2009. Doherty é, além disso, o jogador com mais títulos, no total, já que às suas cinco vitórias no individual se somam oito0 de duplas (13 no total).

Borg foi o que ganhou mais jogos seguidos, 41 entre 1976 e 1981. Federer, com 40, ficou a apenas um ponto de empatar com o sueco em 2007. A final com o maior número de games foi a de 2009, entre Federer e Roddick, com 77, muito distante, porém, do recorde absoluto de Isner-Mahut, na primeira rodada de 2010, com 183 games e 11 horas e 5 minutos de duração.

Boris Becker é o campeão mais jovem do torneio. Tinha 17 anos e 222 dias quando o venceu em 1985. O mais velho foi Arthur Gore, que tinha 41 anos e 182 ao vencer em 1890. Gore é, além disso, o jogador que mais vezes participou (31), todas em seguida, entre 1888 e 1922, um recorde que certamente permanecerá como imbatível, para sempre, nos anais de Wimbledon.

Outro recorde que seria hoje impensável foi conquistado por Josiah Ritchie, um dos melhores jogadores do mundo no começo do século XX, que disputou as suas últimas individuais em 1926 aos 55 anos e 247 dias. Jean Borotra, o legendário tenista francês, foi ainda mais longe: em 1963, ele participou da disputa de duplas aos 65 anos e 320 dias de idade.

Entre as mulheres, o destaque é para Martina Navratilova, com nove títulos individuais, seis deles seguidos, e 20 no total, mesmo número alcançado por Billie Jean King.

Navratilova registra também o maior número de finais individuais consecutivas (nove), embora a melhor marca total pertença a Blanche Bingley Hillyard, que disputou nada menos do que 13 finais entre 1886 e 1901, tendo perdido sete delas; o mesmo total foi realizado também por Chris Evert. A campeã mais jovem do torneio foi Lottie Dod, vencedora em 1888 com apenas 15 anos e 285 dias. A mais velha foi Charlotte Cooper, com 37 anos e 282 dias, em 1908.

Manolo Santana beija o troféu de Wimbledon que ganhou em 1966 contra o norte-americano Dennis Ralston.
Manolo Santana beija o troféu de Wimbledon que ganhou em 1966 contra o norte-americano Dennis Ralston.

Para os espanhóis, o piso de grama nunca foi o ambiente em que tenham se sentido mais à vontade. Somente Manolo Santana, em 1966, e Conchita Martínez, em 1994, conquistaram Wimbledon antes que Rafael Nadal igualasse esses títulos, em 2008 e 2010. Mesmo com ela não tendo conquistado o título, cabe destacar Elia María González-Álvarez y López-Chicheri, mais conhecida como ‘Lili’ Alvarez, pioneira do esporte feminino espanhol e que entre 1926 e 1928 conseguiu chegar a três finais consecutivas em Wimbledon. Ela também ficou conhecida por ter sido, em 1931, a sensação do torneio londrino ao atuar com uma saia especial pregada criada especialmente pela estilista Elsa Schiaparelli e que foi precursora dos shorts.

Mas esta edição de 2017 traz também a volta do melhor Nadal, que começa como favorito depois de se recuperar de suas lesões. Todas as atenções se voltam para ele desde que venceu Roland Garros, não só pelo alto nível de seu jogo, mas também porque pode voltar a ser o número 1 do ranking da ATP. Ao seu lado, mais nove espanhóis estarão competindo: Feliciano López, David Ferrer, Fernando Verdasco, Roberto Bautista, Albert Ramos, Garbiñe Muguruza, Carla Suárez, Laura Arruabarrena e Sara Sorribes.

Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic com os troféus de Wimbledon.
Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic com os troféus de Wimbledon.AP

Começa o espetáculo: faltam duas semanas do melhor tênis do mundo em piso de grama para saber se Nadal recuperará a liderança mundial do tênis pela quarta vez em sua carreira.

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