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Trump ameaça a Coreia do Norte: “Nossa paciência acabou”

Presidente dos EUA defende uma “resposta firme ante o programa nuclear deste regime implacável e brutal”

Jan Martínez Ahrens
Trump com o presidente da Coreia do Sul
Trump com o presidente da Coreia do SulEvan Vucci

Os mísseis, até agora, são verbais. O presidente Donald Trump elevou hoje a tensão com o seu arqui-inimigo, Coreia do Norte, afirmando que “a paciência estratégica mantida durante anos pelos Estados Unidos chegou ao fim”. “Enfrentamos a ameaça de um regime brutal e implacável, cujo programa balístico e nuclear exige uma resposta firme. Nosso país busca a paz e a prosperidade, mas sempre nos defenderemos e defenderemos nossos aliados”, proclamou Trump num breve e contundente discurso na Casa Branca, acompanhado por seu homólogo sul-coreano, Moon Jae-in.

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A reprimenda, com sua inquietante insinuação de um eventual choque, veio depois de uma descrição repleta de dramatismo. “Milhões de coreanos morreram de fome ante a indiferença de um regime que não respeita a vida humana nem seus vizinhos.” Moon Jae-in concordou com as palavras. E advertiu que o maior desafio de Seul e Washington é o perigo nuclear do vizinho do norte. “Devemos mostrar a eles nossa determinação e combinar sanções com diálogo”, afirmou, em tom mais moderado.

Em ambos os discursos, houve referências ao falecido Otto Warmbier. O trágico destino do universitário, condenado a trabalhos forçados na Coreia do Norte e morto semana passada após ser devolvido aos EUA em estado de coma, reforçou o discurso dos falcões da Casa Branca. O conselheiro de Segurança Nacional, Herbert R. McMaster, declarou que Washington tem todas as opções sobre a mesa – e que serão ativadas caso não se detectem avanços na corrida armamentista coreana. “Não aceitaremos um poder nuclear na Coreia do Norte. A ameaça é agora imediata, e não podemos repetir o mesmo enfoque fracassado de antes”, disse McMaster.

Pyongyang entrou numa temerária espiral contra Washington. Asfixiante e obsessivo, o regime aperfeiçoa seu arsenal há 20 anos para obter um míssil intercontinental que alcance os EUA. Nesse caminho, através de testes constantes e ameaçadores, conseguiu desenvolver uma bomba atômica de dois quilotons (dobro da energia liberada pela bomba de Hiroshima), cujo raio balístico já engloba a Coreia do Sul e o Japão. As tentativas do Conselho de Segurança da ONU para frear a escalada foram frustradas pela determinação quase suicida do líder supremo do país asiático, Kim Jong-un. Herdeiro de uma tirania paranoide, ele submeteu seu país a um esforço extremo que ameaça a própria sobrevivência. Para isso, traçou um cenário de terror, no qual se mostra disposto a ser varrido pela superpotência em troca de atingir seu inimigo, mesmo que por uma única vez.

Ante a situação, Trump e seus estrategistas decidiram exibir poder, mobilizar suas forças navais e pressionar a China, que absorve 90% do comércio norte-coreano. Apesar da melhora nas relações com Pequim, a Casa Branca considera que os chineses ainda não se envolveram o suficiente. Lamentou e lançou alguns dardos para persuadi-los, incluindo sanções bancárias e venda de armas a Taiwan. O gigante asiático não respondeu.

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