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Trump tenta diminuir a tensão com Macron em viagem relâmpago a Paris

Presidente dos EUA aceita convite para assistir ao desfile militar de 14 de julho, dia da festa nacional francesa

Jan Martínez Ahrens
Macron e Trump com o longo aperto de mãos de 25 de maio passado, em Bruxelas, durante a cúpula da OTAN.
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Eles voltarão a se encontrar e a exibir um aperto de mãos em público. Donald Trump e Emmanuel Macron, os dois grandes antagonistas da política mundial, se reunirão em 14 de julho em Paris para a comemoração do Dia da Bastilha, a festa nacional francesa. A Casa Branca aceitou o convite feito e reiterado pelo Palácio do Eliseu para assistir ao desfile militar, num sinal de que Washington tenta diminuir a tensão com a nova estrela do firmamento político europeu.

Desde que pisou o palco da grande política, Macron modelou sua figura em oposição à do bilionário norte-americano. O presidente francês é culto, moderadamente liberal no plano econômico e progressista no social. Trump é o furacão que procede das terras bárbaras do republicanismo. Faz piada dos tratados internacionais, sente urticária ante o gasto público e idolatra o dinheiro. São polos opostos. Habitantes de planetas que giram em órbitas distantes, inclusive em temas tão universais quanto a mudança climática.

Há apenas um mês, Trump deu vazão às suas crenças mais radicais e decidiu se retirar do “prejudicial, desvantajoso e injusto” Acordo de Paris. O golpe sintetizou sua Presidência. Movido por interesses eleitorais e econômicos de curto prazo, ele deu as costas para a ciência e abandonou a luta perante um dos mais inquietantes desafios da humanidade.

Do outro lado do Atlântico, Macron aproveitou para se transformar num símbolo contra a mudança climática. Alçou a voz para denunciá-la, aliou-se a seus grandes colegas europeus e ofereceu a França, sua França republicana e laica, como terra de refúgio para os cientistas norte-americanos envolvidos na questão. Assumiu, assim, a liderança mundial anti-Trump.

O movimento não passou despercebido em Washington. O célebre e forçado aperto de mãos na cúpula da OTAN, em 25 de maio, já havia mostrado a Trump que Macron não está relegado ao esquecimento. Ao contrário: é um político consciente da envergadura presidencial francesa e com enorme instinto para lidar com ventos contrários, colocando-os a seu favor.

Desde então, a relação entre ambos parecia destinada ao ringue. E talvez assim seja, mas, ao aceitar o convite, o presidente dos Estados Unidos demonstra um desejo de aproximação. Os dois líderes se encontrarão numa reunião bilateral na cúpula do G20 em Hamburgo e, uma semana depois, Trump viajará a Paris para uma data repleta de simbolismo, em que qualquer gesto fora de lugar deflagrará uma tempestade sideral na França.

O 14 de julho é uma data altamente ideológica. Comemora a reconciliação dos franceses, mas também recorda a tomada da Bastilha e, com ela, o fim do despotismo monárquico e o nascimento da França universal. Do país que brilhou como poucos na busca dos ideais humanistas. A visita também coincide com a celebração dos 100 anos da entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial. Fato que permitirá que os soldados norte-americanos participem do desfile militar.

O sinal é claro. A Casa Branca tenta recuperar o terreno perdido num momento de busca de alianças ante desafios como a Síria e o Estado Islâmico. “Os líderes vão abordar também a cooperação antiterrorista e a colaboração econômica”, indica o breve comunicado da Casa Branca, precedido na terça-feira por um telefonema em que Washington e Paris combinaram agir de forma conjunta caso Damasco realize um novo ataque químico. São passos ainda pequenos, mas que indicam que tudo caminha para a redução da tensão.

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