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Crítica
Género de opinião que descreve, elogia ou censura, totalmente ou em parte, uma obra cultural ou de entretenimento. Deve sempre ser escrita por um expert na matéria

O terrível pesadelo da maravilhosa série ‘The Handmaid’s Tale’

Os olhos de Elisabeth Moss são tudo nesta que já é uma das séries do ano

Natalia Marcos

Os olhos de Elisabeth Moss são tudo. Já eram em Mad Men e são ainda mais em The Handmaid’s Tale, série do serviço de streaming Hulu, ainda não disponível no Brasil. Com seu olhar, Moss faz você sentir o medo de se ver privada, do dia para a noite, de todos os direitos fundamentais que consideramos adquiridos, separada da família, usada como gado com a única finalidade de servir como veículo para a reprodução do casal que te determinam dentro de um regime misógino e fundamentalista. O desespero grita por meio dos olhos dela. Mas o olhar de Elisabeth Moss transmite muito mais. Inteligência, coragem e determinação. Porque Offred (June, em uma vida passada), não está disposta a se render.

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The Handmaid’s Tale já é uma das séries do ano. Essa adaptação do romance O Conto da Aia, de Margaret Atwood, escrito em 1985 (e, no entanto, assustadoramente atual) é apavorante em sua essência, nessa proposta de um mundo que não tem por que estar tão longe do atual e que, dependendo de quem detiver o poder, poderia acontecer a qualquer momento. Mas, ao mesmo tempo, aproveita essa essência terrível, de pessoas sem futuro e mulheres escravas sexuais, para abrir caminho à rebelião e à esperança. A história, contada através dos olhos de Offred/Elisabeth Moss, mas também pelos de outras mulheres (a dura e quase impenetrável Serena Joy, a frágil Janine, a rebelde Ofglen ou a corajosa Moira), é mostrada na tela com uma aposta estilística que dá identidade visual à série, com um cuidado detalhado na luz e nas cores.

Estamos diante de uma história de horror, feminista, uma história política e reivindicativa, e tudo a partir da mais profunda desesperança de não ver saída à situação à qual se chegou. Uma história que não se recusa a mostrar a violência extrema e o sexo mais terrível. Pode surpreender que, na ficção, se chegue a uma situação assim num curto período de tempo, mas quem sabe o que os radicalismos podem fazer em questão de meses.

Felizmente, existem alguns vislumbres de esperança. Offred os têm em seu olhar. Porque os olhos de Elisabeth Moss são tudo.

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