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Dia dos namorados
Tribuna
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Eu freei a atração à primeira vista, mas aconteceu o que tinha de acontecer

Que a nossa história sirva de inspiração para gente que, como nós, não deu as costas para o amor

Escultura do artista português Pedro Figueiredo.
Escultura do artista português Pedro Figueiredo.Carlos García (EFE)
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"Conheci minha atual mulher quando eu tinha 44 anos e ela, 33, no ambiente profissional. Isso já faz uns 15 anos. Foi atração à primeira vista, porque ela é linda, inteligente e bem-humorada. Mas, de forma preventiva, freei qualquer investida minha, porque ela era casada (com um homem) e tinha um filho de seis anos e eu morava com uma mulher.

Mas aconteceu o que tinha de ser. Saímos algumas noites para jantar e o inevitável aconteceu. Em um motel - e eu que não frequentava esses lugares havia décadas -, bastante temerosas de que poderíamos ser barradas, pois então a visibilidade não era nada bem-vinda.

Ela, sempre mais impetuosa, descasou-se em um mês. Eu estanquei. Tinha medo do novo e sobretudo medo de um relacionamento com uma mulher até então heterossexual. Ah, e tinha o filho. Que medo de filhos! Nunca tive ímpetos de maternidade.

Demorei bem uns três anos para me separar, mesmo porque minha então companheira havia adoecido e eu jamais faria o papel de macho que abandona a mulher quando ela mais precisa. Também porque, devo confessar, sou um pouco covarde para mudanças emocionais.

Nesse meio tempo, nos tornamos amantes. Não era uma situação confortável para nenhuma das duas. Mas era o que eu acreditava poder bancar naquele momento.

Minha então companheira - ironia do destino- me abandonou, quando eu viajei a trabalho para o exterior. Duro baque voltar e ler o bilhete de despedida. Todo mundo detesta o abandono, mesmo que, no fundo, torça para isso acontecer.

Minha atual mulher, naquele mesmo dia do meu desembarque, cheguei veio à minha casa com flores e vinho. Desde então, não nos largamos. Casamo-nos de papel passado, aliança e padrinhos em setembro de 2016.

Foi fácil? Não. O primeiro obstáculo foi o filho, pois era apenas uma criança e eu com uma inabilidade a toda prova para conviver com o menino. Mas ele cresceu e gostou quando ela contou sobre nós, soltando o clássico "demorô". O ex-marido sempre foi meu amigão de primeira hora. Tive sorte.

Enfim, espero que essa história sirva de inspiração para gente que, como nós, não deu as costas para o amor".

*(A autora pediu para não ser identificada)

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