Estados Unidos pedem a aliados árabes que relaxem bloqueio ao Catar
Secretário de Estado alerta para “consequências humanitárias” no país, onde Pentágono tem uma base aérea
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, pediu nesta sexta-feira ao Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Barein que suavizem o bloqueio decidido em bloco contra o Catar. Tillerson alegou “razões humanitárias”, alertou contra uma escalada da tensão e corrigiu assim a primeira reação do presidente dos EUA, Donald Trump, que nesta semana elogiou a medida e até insinuou que era mérito seu. No entanto, apenas algumas horas depois das palavras de Tillerson, Trump insistiu em que o Catar devia deixar de apoiar o terrorismo, mas não mencionou esse pedido de suavizar o bloqueio.
Tillerson convocou a imprensa para uma declaração na qual pediu que não haja uma “escalada de tensão” na região depois que na segunda-feira esses quatro países anunciaram de forma coordenada a ruptura de relações com a pequena nação do Golfo Pérsico, à qual acusam de apoiar o terrorismo por meio de apoio ao islamismo político e simpatia para com o Irã.
“Há consequências humanitárias com esse bloqueio, estamos vendo escassez de comida, famílias que se separam de forma forçada e crianças que ficam fora da escola. Acreditamos que há consequências não buscadas especialmente durante o mês do Ramadã”, disse o chefe da diplomacia norte-americana, que declarou confiar em que as partes reduzam a tensão e resolvam suas diferenças.
O presidente dos EUA, por sua vez, evitou esse assunto e se concentrou em pedir ao “Catar e outras regiões que façam mais e mais rápido” contra o terrorismo, que o país do Golfo Pérsico deixe de “financiar [o terrorismo], de ensinar a matar”, disse em coletiva de imprensa na Casa Branca, por ocasião da visita do presidente da Romênia, Klaus Iohannis.
As palavras de Tillerson também não têm muito a ver com as de Trump na terça-feira. “Durante minha recente viagem ao Oriente Médio defendi que não poderia haver financiamento de ideologia radical. Os líderes apontaram o Catar. Olhem!”, publicou em sua conta de Twitter. “Que bom que a viagem à Arábia Saudita com o Rei e outros 50 países já esteja dando frutos. Disseram que seriam duros com o financiamento e o extremismo, e todas as referências eram ao Catar”, acrescentou, sem mencionar que os Estados Unidos têm uma importante base militar nesse país. No dia seguinte, porém, ofereceu-se para mediar e propôs uma reunião na Casa Branca.
"O Catar tem que fazer mais, e mais rápido”
Houve também uma mensagem para o Catar por parte de Washington. “Fazemos um chamado ao Catar para que responda à preocupação de seus vizinhos. O Catar tem uma história de apoio a grupos que passam do ativismo à violência”, afirmou Tillerson. O emir, ressalvou o norte-americano, avançou “ao cortar financiamento e expulsar elementos terroristas do país”, mas “tem que fazer mais e mais rápido”.
No momento a solução não parece próxima. O Catar considera totalmente imerecido o isolamento e descarta mudanças em suas políticas. “Não vamos renunciar à nossa política externa independente”, declarou na quinta-feira seu ministro de Relações Exteriores, xeque Mohamed Bin Abdulrahman al Thani. “Não sabemos o que fizemos para merecer semelhante nível de castigo. Acusam-nos de negociar com o Irã, mas não foram tomadas medidas semelhantes em relação ao Irã; também de que financiamos os piores grupos do mundo, mas não nos apresentaram provas”, acrescentou.