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Peru protesta contra o Equador pela construção de um muro na fronteira

O Governo peruano pede ao país vizinho que paralise a obra de quatro metros de altura

O muro que separa os países
O muro que separa os paísesPRESIDENCIA DE ECUADOR

O Governo do Peru pediu, na segunda-feira, dia 5 de junho, ao Equador que paralise as obras de construção de um muro de quatro metros de altura na fronteira comum e convocou o embaixador em Lima para apresentar uma nota de protesto. O Ministério das Relações Exteriores peruano denunciou a construção de um fosso “a poucos metros da margem direita do Canal Internacional de Zarumilla”, em território equatoriano, “que impacta negativamente a integração fronteiriça”.

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O Ministério das Relações Exteriores do Peru pediu a “imediata paralisação dos trabalhos” na fronteira binacional e exigiu, além disso, “uma reunião urgente bilateral de caráter político e técnico”, segundo um comunicado à imprensa.

O muro está localizado na cidade de Huaquillas, na província equatoriana de El Oro, e acompanha a margem direita do canal internacional de Zarumilla. Acostumados à passagem constante pela fronteira, muitos comerciantes também manifestaram seu mal-estar em função das obras. O Equador assegura, no entanto, que o trânsito está garantido, pois o projeto inclui a construção de uma passarela para pedestres.

A Embaixada do Peru recordou na nota à imprensa “a obrigação do Equador, em conformidade com o Acordo de Bases de 1998, de deixar disponíveis 10 metros na margem direita” do canal de Zarumilla e de “construir nessa faixa um acesso de serviço”. “Da mesma forma, destacou-se as implicações que tal obra tem sobre a distribuição do fluxo de água, especialmente em grandes avenidas, situação que eleva o risco de inundações na zona urbana da Villa de Aguas Verdes”, finaliza o comunicado.

“Soluções em conjunto”

Em resposta, o Ministério do Desenvolvimento Urbano do Equador afirmou que o muro cumpre o estipulado no Acordo de 1998. María Alejandra Vicuña, titular da pasta, assegurou em uma nota à imprensa que “os canais de diálogo” com o Peru “permanecem abertos para encontrar soluções em conjunto”. “Tudo é passível de revisão para chegar a acordos”, afirma a ministra.

Fontes da Torre Tagle — a sede do Ministério das Relações Exteriores peruano — mostraram-se surpresas com essa construção, que nos tempos atuais guarda “uma lamentável semelhança com o muro de [Donald] Trump”, na fronteira de EUA e México; insistiram que “o mais importante é encontrar os mecanismos para manter a extraordinária relação diplomática travada entre Peru e Equador nos últimos anos”.

Os dois países sul-americanos compartilham uma fronteira de 1.500 quilômetros que começa no oceano Pacífico e termina no rio Putumayo, em plena selva amazônica. Foi alvo de várias polêmicas e dois conflitos armados, que levaram à intervenção de Argentina, Chile, Brasil e EUA, países avalistas do protocolo limítrofe do Rio de Janeiro de 1942. De maneira simbólica, o último marco demarcatório foi estabelecido em maio de 1999.

Uma obra para colocar um fim no contrabando

O muro está localizado na cidade de Huaquillas, na província equatoriana de El Oro, e acompanha a margem direita do canal internacional de Zarumilla. Faz parte do projeto do Parque Linear de Huaquillas, que inclui um complexo de áreas comerciais e recreativas de cerca de 25.000 metros quadrados. A obra tenta colocar freio ao contrabando com Aguas Calientes — uma localidade que está do lado peruano da fronteira — e evitar que o espaço se transforme em foco de poluição. As autoridades equatorianas afirmam, além disso, que a obra também servirá para prevenir futuras inundações. O Equador começou a construção do complexo há um mês e meio, com um orçamento em torno de 4,4 milhões de dólares. Estima-se que estará concluída em setembro de 2017.

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