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Reino Unido eleva ao máximo alerta terrorista por medo de outro ataque “iminente”

Primeira-ministra Theresa May põe o Exército nas ruas para prevenir possíveis atentados

Pablo Guimón
Vigília na Albert Square, em Manchester.
Vigília na Albert Square, em Manchester.Emilio Morenatti (AP)
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A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou que o Reino Unido elevou para “crítico” (ou seja, ao máximo) o nível de alerta antiterrorista após o ataque de Manchester que deixou 22 mortos — incluindo menores de idade — e 59 feridos. A medida, tomada depois da segunda reunião do dia do Comitê de Crise Cobra do Governo britânico, indica que as autoridades se preparam para “um ataque iminente”. O Exército se posicionará nas ruas, substituindo a polícia na vigilância de possíveis objetivos dos terroristas. Os militares estarão também em certos eventos, como concertos e torneios esportivos, para manter a segurança, informou May. O ministro da Defesa, Michael Fallon, apoiou a deflagração da Operação Tempora, que prevê até 5.000 soldados colaborando nas tarefas de segurança.

O ataque foi perpetrado na noite passada (22h35 no horário local) no final do show da artista norte-americana Ariana Grande, na Manchester Arena. Segundo informou o chefe da polícia da cidade, Ian Hopkins, o atentado foi cometido por Salman Ramadan Abedi com um artefato explosivo improvisado. Hopkins disse que Abedi, de 22 anos, teria morrido ao acionar a bomba. O Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria do atentado, ocorrido a 15 dias das eleições gerais. A polícia confirmou a detenção de um suspeito de 23 anos em Chorlton, no sul da cidade, e cumpriu outras duas ordens de prisão. As identidades não foram divulgadas.

May afirma que não se pode descartar a possibilidade de que haja mais envolvidos no atentado. O comunicado do EI, difundido através do Nashir, um dos seus meios de propaganda, não significa que o grupo jihadista tenha se envolvido. Em ocasiões anteriores, a organização assumiu atentados nos quais sua participação foi nula. Até agora, a imprensa britânica divulgou as identidades de três vítimas fatais: Saffie Rose Roussos, de oito anos, Georgina Callendar, de 18, e John Atkinson, de 28. As testemunhas do massacre relataram que havia pregos e parafusos no local da explosão, indicando que o artefato pode ter sido recheado com peças de metal para aumentar os danos. Algumas gravações postadas nas redes sociais mostram o impacto do tipo “metralhadora” em pessoas. Entre os 59 feridos, divididos em oito hospitais, há 18 em estado crítico e 12 menores de 16 anos.

“Estávamos no alto das escadas quando os vidros arrebentaram”, disse à BBC Radio Manchester Emma Johnson, que comparecera ao local com o marido para buscar os filhos de 15 e 17 anos. “Foi perto da área onde eram vendidos os produtos de merchandising. O edifício inteiro tremeu. Foi uma explosão seguida de uma enorme chama. Havia corpos em toda parte.” Várias pessoas que estiveram no espetáculo publicaram, em seus perfis do Twitter, vídeos em que se veem os momentos de pânico durante a evacuação do lugar, com capacidade para 21.000 pessoas. Muitos foram atingidos em cheio pela bomba.

“Ouvi uma forte explosão. Os vidros da minha casa tremeram”, explicava Pedro, que mora em frente à Manchester Arena. O local permanecia hoje cercado pelas forças de segurança, assim como a estação de trem Victoria, vizinha do pavilhão. “Vi um monte de gente sair correndo, muitos policiais com metralhadora e duas pessoas feridas.”

Não há vítimas espanholas até o momento

O ministro espanhol das Relações Exteriores, Alfonso Dastis, diz que não há informações sobre vítimas espanholas até agora, embora isso não esteja descartado, e a Embaixada espanhola permanece em contato com as autoridades britânicas, segundo informa Miguel González. Felipe VI enviou a Isabel II um telegrama de condolências pelo atentado.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenou o ataque nesta terça-feira em Belém, onde se reuniu com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Trump qualificou os terroristas de “perdedores malvados”, informou Juan Carlos Sanz. “Não os chamarei de monstros porque gostariam disso”, declarou o mandatário republicano. “Haverá mais (atentados), mas seguirão sendo perdedores.” E prosseguiu: “Nossas sociedades não podem tolerar que essas matanças de jovens inocentes continuem. Os terroristas e extremistas, assim como aqueles que os apoiam, devem ser eliminados de nossas sociedades e sua perversa ideologia, totalmente erradicada.”

Um porta-voz de Ariana Grande afirmou que ela “está bem”. A cantora é muito popular entre os adolescentes, e por isso havia muitos pais esperavam na porta para buscar os filhos, menores de idade.

A explosão ocorreu na saída do pavilhão, numa área que leva à estação de trem. E no final do show, quando as pessoas começavam a sair das instalações, informou em nota a Manchester Arena. Quatro horas depois da primeira explosão, a polícia informava que realizaria uma detonação controlada do que poderia ser uma bomba, mas que era apenas roupa abandonada.

O ministro da Segurança, Ben Wallace, pediu a colaboração dos cidadãos e que liguem para o telefone de luta antiterrorista se virem algo suspeito. Este é o atentado mais grave no Reino Unido desde julho de 2005, quando quatro atentados suicidas coordenados no metrô e em um ônibus de Londres causaram 56 mortos, incluindo os quatro terroristas, e cerca de 700 feridos. O último ataque terrorista no país foi há apenas dois meses, em 22 de março, quando um homem atropelou mortalmente seis pessoas na ponte de Westminster.

Como aconteceu no ataque ao ônibus do Borussia Dortmund, a hashtag #RoomForManchester começou a aparecer nas redes para fornecer acomodação para pessoas com dificuldade para voltar para casa após o fechamento da estação de trem ao lado do estádio.

O atentado ocorreu em plena campanha para as eleições gerais antecipadas que serão realizadas em 8 de junho. A campanha foi suspensa.

Desde sua abertura em 1995, a Manchester Arena já recebeu grandes shows. U2, Rolling Stones, Madonna e Pavarotti já se apresentaram em suas instalações. Ariana Grande, de acordo com relatos de testemunhas, tinha acabado de deixar o cenário quando a explosão ocorreu.

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