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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Crimes contra a imprensa

Espiral de violência transforma a América Latina em uma das regiões mais perigosas do mundo para jornalistas

Um grupo de jornalistas protesta no México contra o assassinato de Javier Valdez.
Um grupo de jornalistas protesta no México contra o assassinato de Javier Valdez.HENRY ROMERO (REUTERS)

Exercer o jornalismo onde a liberdade de expressão está sequestrada pela violência, o tráfico de drogas e o crime organizado é um ato heroico. Na América Latina, paga-se com a vida por este jornalismo. No ano passado, 31 jornalistas foram assassinados, segundo os registros de Repórteres Sem Fronteiras, 13 deles no México. O país está a caminho de estabelecer um novo recorde: este ano até agora seis profissionais já foram mortos.

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Javier Valdez foi o último. Valdez morreu esta semana a tiros enquanto dirigia seu carro no estado de Sinaloa, após uma vida dedicada a denunciar de maneira incansável a corrupção e a impunidade com que atuam os cartéis de drogas no México, país que ocupa o posto 147 (de 180) no ranking mundial de liberdade de imprensa.

A pressão sobre os jornalistas na América Latina, uma das regiões mais perigosas do mundo para comunicadores, é intolerável. Seja na Guatemala, Brasil ou Honduras, os cartéis e gangues impõem um clima de terror para subjugar os jornalistas usando assédio, ameaças ou sequestro. Muitas vezes, esta espiral de perseguição termina em desaparecimentos forçados ou em assassinatos a sangue frio em plena luz do dia, como no caso de Valdez. Infelizmente, grande parte desses abomináveis atos de violência ficam impunes, fruto da frequente conivência entre as autoridades policiais e judiciais, por um lado, e os grupos de assassinos e paramilitares, por outro.

Os Estados têm a obrigação de investigar crimes, prender e processar os autores, e fornecer uma reparação adequada às vítimas. A proteção dos jornalistas deve ser uma prioridade se quisermos salvaguardar o direito fundamental à liberdade de expressão e evitar que os repórteres caiam na autocensura ou sejam forçados ao exílio.

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