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Caso Madeleine

Alguém viu estes olhos? São de Madeleine McCann

Dez anos depois, continua aberta a investigação para encontrar a menina britânica desaparecida em Portugal, que hoje teria 13 anos

Kate e Gerry McCann posam em Londres com um retrato de como seria sua filha Madeleine em 2012.
Kate e Gerry McCann posam em Londres com um retrato de como seria sua filha Madeleine em 2012.Andrew Winning (REUTERS)

Maddie McCann desapareceu do apartamento onde passava férias com seus pais, na Praia da Luz (Algarve, sul de Portugal). Foi em 3 de maio de 2007. A menina de três anos dormia num quarto com seus irmãos gêmeos, de dois, enquanto seus pais jantavam com amigos no restaurante do condomínio.

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“É um caso único na história do país e da polícia judicial”, diz o diretor-adjunto desse órgão português de segurança pública, Pedro do Carmo. “Ainda não sabemos o que aconteceu, por que Madeleine desapareceu”, admite Do Carmo, uma década depois dos fatos. “Mas temos razões para a esperança”, acrescenta, sem revelar quais são.

Durante estes dez anos, as hipótese e suspeitas se multiplicaram. Chegou-se inclusive a acusar os pais, mas sem que nenhuma das pistas ou acusações desse resultado. Em princípio, a investigação foi conduzida pela polícia portuguesa, mas três meses depois a Scotland Yard entrou no caso.

1. Onde Madeleine McCann desapareceu?

A menina foi vista pela última vez dormindo no apartamento que sua família havia alugado, no condomínio Ocean Club, na praia da Luz, um destino muito procurado por britânicos por seu clima ensolarado quase garantido em qualquer época do ano, inclusive em maio, como era o caso.

2. Como ela sumiu?

Maddie dormia na companhia de seus irmãos gêmeos. Kate e Gerry relataram que a cada 15 minutos eles ou amigos com os quais jantavam iam até os apartamentos alugados pelo grupo para ver se as crianças estavam bem. Entre 21h e 21h30 as visitas se sucederam, até que a mãe de Maddie, Kate, deu pela falta dela.

Simulação do rosto de Maddie aos 8 anos.
Simulação do rosto de Maddie aos 8 anos.

3. O primeiro suspeito

Num primeiro momento foi detido o cidadão britânico Robert Murat, que colaborava como tradutor com a polícia, pois tinha dupla nacionalidade e residia a 100 metros do local dos fatos. Ela passou 14 meses como suspeito. A polícia apreendeu o computador do imóvel onde vivia com a mãe; o jardim foi vasculhado; o porão e vários cômodos da casa foram examinados com sensores especiais capazes de detectar a presença de um possível corpo. Murat foi massacrado pela imprensa britânica. Em julho de 2008, obteve uma indenização coletiva dos meios de comunicação no valor de 600.000 libras (2,44 milhões de reais, pelo câmbio atual).

4. Os seguintes suspeitos

Após a chegada de cães policiais, que detectaram rastros de sangue no apartamento e cheiro de cadáver no carro dos pais, os McCann começaram a ser suspeitos. Em setembro, foram interrogados e indiciados, mas um ano depois foram declarados inocentes.

5. Por que os pais foram acusados?

A polícia portuguesa cogitou a hipótese de um homicídio involuntário com ocultação do cadáver por parte dos pais, ambos médicos. Também os acusou de terem dado à menina, que aparentemente chorava muito, uma dose excessiva de soníferos.

Madeleine McCann tem um sinal que não desaparece com a idade: uma fissura completa na íris do olho direito, uma linha negra vertical que alcança da pupila até a beirada do globo ocular.

6. O conflito entre as polícias britânica e portuguesa

O inspetor de narcóticos Gonçalo Amaral coordenou as pesquisas do caso Madeleine durante os cinco primeiros meses. Ele foi o principal defensor da tese de que os pais estavam implicados no desaparecimento da pequena, e além disso acusou a polícia britânica de conivência com os McCann. Foi retirado do caso, mas escreveu dois livros, A Mordaça, contra a polícia britânica, e A Verdade da Mentira, onde implicava os pais no desaparecimento do Maddie. Vendeu mais de 200.000 exemplares.

7. O policial, o único condenado

Há dois anos, o Tribunal de Justiça de Lisboa condenou o policial Amaral a pagar 500.000 euros (1,7 milhão de reais, pelo câmbio atual) por danos morais aos McCann. Além disso, proibiu a reedição do livro, a circulação do DVD e o pagamento dos direitos autorais. Em fevereiro deste ano, o Tribunal Supremo resolveu a questão em favor do policial e contra a família McCann, pois considera que em uma situação de conflito de direitos, entre a honra e a liberdade de expressão, “o critério de ponderação de interesses, agindo segundo o princípio de proporcionalidade e a especificidade do caso, aponta no sentido de estar a liberdade de expressão do réu [Gonçalo Amaral] necessitada de maior amparo”.

8. Como colaborar?

O casal McCann criou um site, o FindMadeleine.com, para arrecadar dinheiro que permita continuar a investigação. A mãe, Kate, se encarrega pessoalmente de manter a página e pagar detetives, embora pelo menos um deles tenha agido como estelionatário, como se demonstrou posteriormente.

9. Como está o caso dez anos depois?

A investigação continua aberta em Portugal e na Inglaterra. De vez em quando surgem alertas de que Maddie teria sido vista em algum país longínquo. Sempre foram falsos.

10. Como identificar Maddie 10 anos depois?

Madeleine McCann tem um sinal que não desaparece com a idade: uma fissura completa na íris do olho direito, uma linha negra vertical que alcança da pupila até a beirada do globo ocular.

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