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Militantes de Mélenchon pedem o voto em branco ou nulo na eleição francesa

Cerca de 243.000 militantes da França Insubmissa participaram de disputada consulta pela Internet

Álex Vicente
O candidato da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, neste domingo em Paris rodeado pela imprensa.
O candidato da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, neste domingo em Paris rodeado pela imprensa.Xavier Laine (Getty)
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Dois terços dos insubmissos de Jean-Luc Mélenchon votarão em branco ou se absterão no segundo turno das presidenciais francesas, que se realizam no domingo que vem. Somente 35% dos simpatizantes do líder da esquerda radical dirigirão seu voto ao centrista Emmanuel Macron no duelo em que enfrenta a ultradireitista Marine Le Pen. É o que demonstra a consulta realizada pela Internet durante a última semana, para a qual foram chamados a participar os 450.000 membros da coalizão França Insubmissa, a plataforma eleitoral liderada por Mélenchon.

O resultado do voto, divulgado pela organização nesta terça-feira, retrata um partido dividido em três partes. Um total de 36% dos participantes votará em branco ou nulo, 35% optarão por Macron e os 29% restantes apostarão na abstenção. Votar pela Frente Nacional de Le Pen não figurava entre as opções propostas. A França Insubmissa lembrou que a consulta não equivale a um compromisso de voto, deixando seus membros livres para votar como desejarem. Mélenchon, que obteve 19,6% dos votos no primeiro turno, em 23 de abril, declarou na sexta-feira que não votará na Frente Nacional, mas se negou a dar uma orientação ou diretriz.

“Não é preciso ser um especialista para adivinhar o que vou fazer”, insinuou, mas não quis dar mais indicações em nome da unidade de sua família política. Mélenchon tem outras contendas eleitorais em mente. Em especial, as eleições legislativas de junho, nas quais busca revalidar seu status de primeira força da esquerda na França, em meio à profunda crise vivida pelo Partido Socialista, que obteve 6,3% dos votos no primeiro turno, seu pior resultado desde os anos 60. O silêncio de Mélenchon diante do perigo de ver a ultradireita no poder lhe rendeu numerosas críticas ao longo da última semana.

O resultado da votação esfria um pouco mais as relações entre a França Insubmissa e o Partido Comunista Francês, uma das legendas que lhe dão apoio. “Quando Marine Le Pen está às portas do poder, o resultado da consulta é uma má notícia”, reagiu Igor Zamichiei, membro da executiva do Partido Comunista. Seu secretário-geral, Pierre Laurent, pediu o voto em Macron para impedir que Le Pen chegue ao poder.

Apesar de tudo, o resultado dessa consulta, da qual participaram 243.000 simpatizantes inscritos na França Insubmissa, pode diferir em relação ao comportamento final de seus sete milhões de eleitores. Segundo uma pesquisa publicada nesta terça-feira, 52% dos eleitores de Mélenchon no primeiro turno apoiarão Macron. Um total de 31% se absterá ou votará em branco, enquanto os 17% restantes darão seu voto a Le Pen.

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