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Governador peruano é preso por envolvimento no ‘caso Odebrecht’

Chefe do Executivo de região portuária foi acusado de ter recebido 2 milhões de dólares em propinas

Foto de dezembro de 2016 da sede da Odebrecht, em São Paulo.
Foto de dezembro de 2016 da sede da Odebrecht, em São Paulo.SEBASTIAO MOREIRA (EFE)

O Poder Judiciário determinou 18 meses de prisão preventiva para Félix Moreno, governador da região de Callao — o principal porto peruano. O político foi acusado de ter recebido 2 milhões de dólares (6,3 milhões de reais) em propinas da construtora brasileira Odebrecht para beneficiar a empresa no projeto de construção do trecho de Callao da estrada de Costa Verde.

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Os inconvenientes de Moreno com a Justiça começaram no último domingo, quando a promotoria expediu mandados de busca e apreensão, de surpresa, para três imóveis seus, localizados nos distritos de Callao, Magdalena e La Molina. A diligência esteve a cargo do promotor que se dedica a casos de corrupção Hamilton Castro, chefe da equipe especial que investiga os desdobramentos da operação Lava Jato no Peru.

Ao mesmo tempo, se cumpriram mandados em propriedades do empresário Gil Shavit, que teria sido o elo entre Moreno e a Odebrecht. Shavit chegou a manter uma relação próxima com o ex-presidente peruano (2001 – 2006) Alejandro Toledo e com o empresário Yoseff Maiman, envolvidos no pagamento de subornos por parte da Odebrecht para garantir a concessão da Estrada Interoceânica, que une o Peru ao Brasil. Shavit tinha sido intimado pela promotoria para depor sobre sua relação com Toledo, e como não se apresentou para fazer as declarações foi solicitada sua prisão preventiva. Shavit foi detido, no domingo, no aeroporto internacional Jorge Chávez, ao voltar de uma viagem que havia feito a Havana.

Segundo a promotoria, a quantia total pedida à Odebrecht pela licitação do projeto da Costa Verde-Callao foi de 4 milhões de dólares. Félix Moreno embolsaria 60% do montante e seu sócio, 40%. O governador de Callao recebeu, supostamente, cinco remessas de 400.000 dólares (1,3 milhão de reais). O intermediário teria sido Luis Favre, conhecido assessor político que participou da campanha eleitoral de Moreno e que negou qualquer vínculo com a operação. Shavit, por sua vez, recebeu os pagamentos por meio de uma empresa offshore. Os negócios foram interrompidos em junho de 2015, quando Marcelo Odebrecht foi preso.

Félix Moreno seria responsável pelos delitos de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A ordem da prisão preventiva contra Moreno foi emitida pelo juiz federal da vara penal Ricardo Manrique Laura, que considerou a medida necessária para impedir que as investigações pudessem ser obstruídas. Delações premiadas realizadas no Brasil também foram apresentadas como provas por Castro, que usou também depoimentos de colaboradores eficazes e vários documentos como para corroborar seus argumentos.

Moreno se declarou inocente e pediu ao juiz Manrique que negasse o pedido da promotoria. Em uma alegação, por escrito, ele afirmou: “Às vezes cometemos erros administrativos, mas eu não roubei. Não recebi um único dólar. Eu não estou fugindo, e não o farei. Meus filhos e meus pais estão aqui, e eu assumo a minha responsabilidade”.

Ao final da audiência, Moreno foi detido e trasladado a uma cela do Poder Judiciário, onde espera para ser transferido para a penitenciária de Piedras Gordas. Seu advogado de defesa apelou da decisão, por considerá-la “arbitrária”.

O governador da região de Callao é a primeira autoridade eleita e em exercício a ser detida como parte da trama de corrupção da Odebrecht no Peru. Segundo o promotor Castro, Félix Moreno pode receber uma pena mínima de 12 anos e uma máxima de 23 anos da prisão.

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